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Uber lança serviço 25% mais barato em Belo Horizonte

Novo serviço permite motoristas cadastrados com carros mais simples e deve aumentar ainda mais a concorrência com taxistas

Por Rafael Rocha
Publicado em 13 de agosto de 2015 | 18:06
 
 
Multa para os infratores é de R$ 1.500 e pode dobrar em casos de reincidência Nidin Sanches / O Tempo

Usuários do Uber acordaram hoje rindo à toa. O polêmico serviço de transporte de passageiros lançou um novo serviço com tarifa 25% mais barata, o que deve acirrar o embate entre taxistas e condutores adeptos do aplicativo.

A capital mineira é a segunda cidade brasileira a receber o serviço, já existente em São Paulo há dois meses. Chamado de UberX, a modalidade se diferencia do serviço em funcionamento em BH atualmente – chamado UberBlack – por outros motivos além do preço mais em conta. Enquanto o UberBlack só credenciava condutores que tivessem carros sedãs de cor preta com três anos de fabricação, o UberX flexibiliza o cadastro e aceita veículos mais simples, compactos e de qualquer cor (menos tons chamativos, como verde-limão). Os carros podem ter até sete anos de fabricação. Ar-condicionado, motoristas sem antecedentes criminais e com licença de condutor profissional continuam sendo condições obrigatórias.

Segundo a empresa, a nova modalidade do controverso aplicativo que conecta passageiros a motoristas particulares deve ser mais utilizada por passageiros que circulam por regiões mais distantes do centro. “Na Cidade do México, onde o serviço existe há pouco mais de um ano, o Uber de tarifa mais cara é acionado mais na região central”, informou Fábio Sabba, diretor de comunicação do Uber.

A expansão se dá após o aplicativo fazer uma pesquisa que revelou hábitos de transporte do belo-horizontino. O levantamento revelou que 90% dos usuários do Uber em BH têm no mínimo um veículo na garagem e a maioria possui mais de um – índice maior do que em outras capitais, como Rio (87%) e São Paulo (85%).

Uma corrida no UberX começa com tarifa-base de R$ 3. A cada quilômetro rodado é acrescido R$ 1,07, mais R$ 0,25 a cada minuto. A reportagem de O TEMPO simulou um deslocamento na capital para verificar a diferença nas tarifas. Em condições normais de trânsito, um passageiro que opte por sair da avenida Fleming, no bairro Ouro Preto, na Pampulha, para ir até o Nova Suissa, na região Oeste, pagaria R$ 30 no UberBlack. No UberX, o valor cairia para R$ 25, uma economia de R$ 5.

O Uber não informa números sobre quantidade de motoristas cadastrados para o novo serviço, mas diz que a modalidade encontra-se em fase inicial, de testes. Por isso, a estimativa é que o condutor possa demorar em média entre 15 e 20 minutos para atender os passageiros que solicitarem uma corrida.

Punição

A Prefeitura do Rio de Janeiro publicou decreto que determina multa de R$ 1.300 ao motorista
do Uber que for flagrado transportando passageiros e o reboque do veículo.

Casos de embate entre Uber e taxistas

Julho.
Várias confusões envolvendo taxistas e condutores do Uber foram registradas durante três dias da primeira semana. No dia 4, quatro taxistas perseguiram um Uber na altura da praça da Bandeira, na região Centro-Sul da capital. O motorista foi cercado e obrigado a sair do veículo.

Discussão. Dois dias antes, um bate-boca terminou em agressão na rua Tomé de Souza, no bairro Funcionários, também na região Centro-Sul. Um motorista do aplicativo afirmou ter sido agredido com uma cotovelada após filmar a confusão. Três pessoas foram detidas.

Carreata. No dia seguinte, cerca de 200 taxistas fizeram uma carreata entre a praça do Papa e a Câmara Municipal pedindo a proibição do aplicativo. Eles alegam uma redução de 30% na demanda pelo serviço, consequência da concorrência desleal.

Sequestro. Em São Paulo, na semana passada, um condutor do Uber afirmou ter sido agredido e sequestrado por cerca de 20 taxistas. A prefeitura determinou cassação dos alvarás dos taxistas.

Passageiros devem migrar

As tarifas mais baratas do UberX devem causar uma migração dos usuários que utilizam o transporte público. Assim avalia o sindicato dos taxistas, que prevê sucateamento do sistema de ônibus. “Esse aplicativo traz desordem social e econômica. Antes falavam que era um transporte com mais conforto, e agora mostram a verdade, que a intenção é captar receita. A ausência do poder público desencadeia o confronto”, disse o presidente do Sindicato dos Taxistas de Belo Horizonte (Sincavir), Ricardo Luiz Faedda.