Pesquisa

UFMG desenvolve vacina que imuniza contra Covid e gripe ao mesmo tempo

A pesquisa está na fase pré-clínica, em testes com camundongos nos laboratórios da universidade

Por Letícia Fontes
Publicado em 10 de setembro de 2021 | 16:30
 
 
Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais Foto: Leo Fontes - 22.5.17

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estão desenvolvendo uma vacina capaz de imunizar, ao mesmo tempo, contra o vírus da gripe e a Covid-19. De acordo com o professor Ricardo Gazinelli, um dos responsáveis pelo estudo, a pesquisa está na fase pré-clínica, com a realização de testes em camundongos. A expectativa é que os ensaios em humanos comecem a partir do segundo semestre do próximo ano.

"Estamos trabalhando com um vírus não replicante da Influenza. Nossa ideia é retirar uma proteína dele, que impeça que o vírus saia da célula, abortando a sua multiplicação. Ao mesmo tempo, ele irá produzir resposta imune quando colocado em contato com a proteína do SarsCov 2, que é o gene que estamos trabalhando com a SpinTec. Com isso, o resultado é a indução bivalente", explica o pesquisador, que destaca ainda que não haverá necessidade de aplicação de doses de reforço do imunizante, o que representa uma economia no processo de produção do composto. Uma única aplicação irá prevenir ambas as doenças.

"A vacina da influenza é dada anualmente. Se ela puder ser produzida e aplicada em uma mesma vacina com outro composto é uma grande economia, não só na produção, mas em todo o processo de distribuição. Um único imunizante será usada em dois programas de imunização", analisa Gazinelli.

Atualmente, o laboratório americano da Moderna anunciou que também está desenvolvendo uma vacina única que combina uma dose de reforço contra Covid-19 com sua vacina experimental contra a gripe.

Financiamento.
Segundo Gazinelli, o estudo da UFMG está sendo realizado em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com a Universidade de São Paulo (USP), e tem apoio para esta fase do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTIC), da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp). Para as próximas etapas, no entanto, que incluem, a produção de Ifas, testes de segurança e ensaios em humanos, ainda não há recursos garantidos.

Atualmente, a UFMG desenvolve sete pesquisas relacionadas à vacinas contra a Covid-19. A mais avançada é a SpinTec, que aguarda liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes em humanos.

O imunizante deve custar cinco vezes menos que as atuais vacinas disponíveis no país e poderá ser utilizado como terceira dose. Atualmente, o preço médio dos imunizantes comprados pelo governo federal custam, em média, R$ 60. A vacina mineira, por sua vez, deve custar R$ 12 e se tiver o uso liberado no país deverá ser produzida pela Fundação Ezequiel Dias (Funed).