O pagamento da primeira parcela do subsídio para as empresas de ônibus torna obrigatório o aumento de 15% do total de viagens a partir desta terça-feira. Só que a ampliação na oferta não vai significar coletivos vazios e com todos os passageiros sentados imediatamente. A justificativa está no próprio contrato vigente que prevê até cinco pessoas em pé por metro quadrado em horários de pico. O alerta é de um funcionário da BHTrans, autarquia responsável pela fiscalização do transporte na capital.
“É preciso lembrar que a gente não tinha um paraíso antes da pandemia e da crise financeira que as empresas vêm enfrentando. Então na terça-feira agora não vai ser paraíso também. Vai ter uma melhoria, mas nada que chegue a um paraíso e muito por questão contratual. O nível de serviço aqui em BH, que não está entre os piores no país, prevê cinco pessoas por metro quadrado em pé no horário de pico. O sonho de consumo era todo mundo sentado, mas nem em países de primeiro mundo temos isso. Mas, eu diria que três pessoas em pé por metro quadrado já é uma meta audaciosa”, diz a fonte que terá o nome omitido por não ter autorização oficial da empresa para se pronunciar.
Segundo o profissional, que tem acesso aos indicadores internos de performance das empresas de ônibus, atualmente, os ônibus circulam com um número superior a cinco pessoas por metro quadrado nos horários de maior demanda. Com o pagamento do subsídio, o esperado é, pelo menos, cumprir esse combinado contratual. Só que a diferença mesmo deverá ser sentida daqui a 15 dias, quando serão disponibilizadas mais 15% de viagens, totalizando a meta de 30% de aumento após pagamento do subsídio.
Ainda segundo a fonte, com base em estudos internos, alterar o contrato exigindo oferta maior e redução do número de passageiros em pé não é uma solução viável em função de outros entraves. “O grande desafio, que não é só em BH mas no país inteiro, é que temos modelo de cidade em que praticamente todo mundo começa a trabalhar no mesmo horário e acabam as atividades juntos também. De repente, sai todo mundo do trabalho e das escolas. Supondo que a gente aumente a tarifa para ampliar a oferta de ônibus nessa proporção. Aí entra outra questão que é o aumento do número de veículos naquele horário, com um nó no trânsito. Ninguém ia andar no horário de pico”, justifica.
A BHTrans vai usar os mesmos equipamentos já disponíveis para o acompanhamento da oferta e demanda de viagens. Além da equipe disponível nas ruas, a autarquia vai continuar a fiscalização por meio de vídeos. O pagamento das demais parcelas do subsídio acordado está atrelado ao cumprimento da oferta acordada.
A reportagem tentou entrevista com alguma fonte oficial da BHTrans, mas a autarquia respondeu não disponilizou uma fonte oficial.