Ataque na Arábia Saudita

Brasil pode se tornar mais atraente para investimentos em petróleo

País pode aparecer como “uma zona de estabilidade” para empresas de fora, mas produção nacional só vai crescer fortemente daqui a cinco anos

Ter, 17/09/19 - 03h00
Operadores acompanham o mercado saudita, abalado pelo ataque | Foto: KARIM SAHIB / AFP - 16.9.2019

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Os ataques à maior refinaria de petróleo do mundo e a um campo de produção da estatal Saudi Armco, na Arábia Saudita, no último sábado, representam a maior queda na produção de petróleo da história. Serão 5,7 milhões de barris de petróleo a menos por dia. Em meio a essa crise, o Brasil pode ser visto como opção “tranquila” no mercado internacional e atrair investimentos. Especialistas apontam que maior estabilidade política do país e recente abertura de mercado são atrativos. 

A cotação do barril de petróleo disparou 14,6% no mercado de Londres, fechando a US$ 69,02. Foi a maior elevação diária desde que há registros. Fernanda Delgado, pesquisadora de energia da Fundação Getulio Vargas, acredita que o momento pode ser valioso para o Brasil. “Se essa alta durar mais um pouco, há chance de que os preços maiores ajudem o Brasil nos leilões (do pré-sal), além de consolidar a imagem do país como uma zona de estabilidade”.

Ela explica que o Brasil, se comparado a regiões como o Oriente Médio ou a países como Rússia, China e Turquia, não está mal posicionado. “Esse tipo de situação coloca o país como um investimento mais seguro no tabuleiro internacional”, afirma. 

Professor de geopolítica da PUC Minas, Ricardo Ghizi Corniglion acredita que a incerteza no Oriente Médio beneficia o Brasil – segundo maior mercado de petróleo das Américas, atrás apenas da Venezuela – em um primeiro momento. Ele também cita o viés econômico liberal adotado pelo governo como incentivo para investidores. “Quem se beneficia de imediato com o aumento do preço do barril é a Petrobras, que tende a conseguir mais interessados no pré-sal. Além disso, não estamos situados em focos de tensões geopolíticas ou econômicas, o que traz tranquilidade para quem investe aqui”, diz. 

Por outro lado, o professor de direito e relações internacionais do Ibmec Vladimir Feijó acredita que as reservas brasileiras de petróleo não são capazes de alavancar o país como um nome tão relevante no mercado mundial. 

Ele cita que só a região do Golfo Pérsico, onde está situada a Arábia Saudita, produz cerca de 40% do petróleo do mundo e acredita que problemas de instabilidade política e econômica no Brasil podem afastar investimentos nos próximos meses. “Não vai acontecer no curto prazo. O Brasil não consegue aumentar sua produção em menos de cinco anos, o que dificulta o avanço no mercado internacional”, conclui.

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