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Cesta básica custou 112 horas de trabalho ao morador de BH, aponta Dieese

Custo com alimentação na capital já consome 55,33% do salário mínimo na capital, segundo a entidade

Por Letícia Fontes
Publicado em 08 de setembro de 2021 | 18:44
 
 
cesta-basica-produtosjpeg Foto: Geraldo Bubniak/AEN

O custo médio da cesta básica aumentou 2,45% em Belo Horizonte em agosto, em comparação com o mês anterior e chegou a R$ 562,95. De acordo com o levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o reajuste na capital mineira foi o segundo maior do país, ficando atrás somente de Campo Grande, que teve alta 3,84% no último mês. No acumulado do ano, os gastos com alimentação em BH já acumulam crescimento de 17,75%. 

Segundo o supervisor técnico da entidade, Fernando Duarte, na capital, o preço da cesta básica já chega a consumir 55,33% dos ganhos mensais das famílias com renda de um salário mínimo. Com base nisso, segundo o Dieese, a renda mínima para uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 5.583,90, valor que corresponde a 5,08 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00.

Para se ter uma ideia, segundo a entidade, em Belo Horizonte, para conseguir pagar a cesta, um trabalhador precisaria trabalhar por 112 horas e 35 minutos. 

"Claro que o salário mínimo não pode aumentar significativamente da noite para o dia, mas é uma política que deveria ser pensada a longo prazo, não dá para o reajuste levar em conta somente a inflação. Com esse modelo não se consegue cumprir o que tá na constituição, que seria que a renda mínima deveria atender o fundamental", pontua o economista. 

Aumentos. 
Entre os produtos que ajudaram a puxar a alta no custo da cesta básica em BH está a batata (33,09%), a banana (25,63%), o café em pó (9,86%), o açúcar cristal (5,61%) e a farinha de trigo (1,82%). De acordo com Duarte, a seca e as geadas dos últimos meses ainda não tiveram impacto nos últimos aumentos, que devem ocorrer apenas nos próximos meses, especialmente no café.

"Vimos altas maiores no hortifrutis muito por conta da alta do dólar e da demanda externa. No fim do ano, provavelmente teremos altas ainda maiores no leite e na carne devido ao período de estiagem", explica o supervisor técnico do Dieese.

Segundo a pesquisa, o custo da cesta básica teve alta em 13 das 17 capitais em agosto. A cesta mais cara do país é a de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que custa R$ 664,67 e teve alta de 1,18 % em agosto. Em seguida, vêm as cestas de Florianópolis (R$ 659) e São Paulo (R$ 650,50), que tiveram variação de 10,54% e 1,56%, respectivamente.

A cesta básica mais barata é a de Aracaju, que custa R$ 456,40.