Recorde

Custo de vida em BH dispara 

Inflação na capital mineira é a mais alta dos últimos 11 anos, de acordo com pesquisa do Ipead

Por Juliana Gontijo
Publicado em 04 de setembro de 2015 | 03:00
 
 

A inflação de agosto em Belo Horizonte é a mais alta dos últimos 11 anos, segundo levantamento divulgado nesta quinta pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead). A alta foi de 0,53%, maior que a verificada em agosto de 2014 (0,18%). O recorde negativo para o mês aconteceu em 2004, quando atingiu 1,05%.

Na comparação com julho deste ano, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,68%, a taxa de agosto foi 0,15 ponto percentual menor. Entre os meses de 2015, janeiro lidera a alta mais expressiva, com 2,23%, seguida por março, com elevação de 1,25%.

E em oito meses deste ano, a taxa chega a 8,08%, bem superior ao teto da meta do governo federal, que é de 6,5%. E se o cálculo é para os últimos 12 meses, a situação piora, já que a inflação na capital é de 10,52%.

A coordenadora de pesquisa da Fundação Ipead, Thaize Vieira Martins, observou que em agosto, a principal contribuição para a alta da inflação veio do aumento da passagem de ônibus urbano, com variação de 7,61%.

Entre os 11 itens que compõem o IPCA, os principais destaques foram as altas de 1,71% para o grupo de encargos e manutenção, além de variação de 1,27% para artigos de residência. Em sentido oposto, apresentaram queda os alimentos in natura (-8,58%), além de bebidas em bares e restaurantes, com recuo de 2,44%, e vestuário e complementos (- 2,41%).

Hábitos. Com os preços altos, a supervisora de crédito Josiane dos Santos Canuto disse que sua vida mudou em vários aspectos. “A prioridade é pagar as contas. Eu gosto de comida japonesa, mas faz uns três meses que não vou ao restaurante. Além disso, tranquei a faculdade”, contou, com tristeza.

E com o cenário de inflação alta, o consumidor da capital continua pessimista, embora com uma intensidade um pouco menor. O Índice de Confiança do Consumidor (ICCBH) foi de 36,20 pontos. “É o segundo menor da série. O pior foi em julho, com 34,38 pontos”, observa a coordenadora do Ipead.

Além da inflação, a fundação divulgou nesta quinta o custo da cesta básica na capital, que ficou em R$ 343,79 em agosto. Na comparação com julho, houve recuo de 2,94%. Entretanto, no ano acumula alta de 5,41% e, em 12 meses, incremento de 11,27%. Entre os alimentos que tiveram queda, o destaque foi a batata inglesa, que ficou 27,72% mais barata em agosto.

FOTO: Editoria de arte
 

Só plano de saúde e aluguel estão em dia

São Paulo
. Se o consumidor está deixando as dívidas com os bancos pendentes, o plano de saúde e o aluguel estão em dia. É o que mostra o levantamento do SPC Brasil que mostra que 94% dos inadimplentes não têm pendências com o plano de saúde e, no caso do aluguel, a participação dos que têm a conta em dia chega a 92%.

Sete em cada dez consumidores inadimplentes estão com o nome sujo por causa de atraso no pagamento de dívidas com bancos, segundo levantamento. O percentual (76%) é maior que os 68% apurados em 2014.

Os cartões de loja e os de crédito aparecem em seguida como as modalidades de crédito que mais geraram inadimplência dos consumidores, com 75% e 74%, respectivamente.

Outros compromissos que os inadimplentes pagar majoritariamente em dia são as contas de água e luz (85%) e as parcelas do condomínio (79%).

Inadimplência é a mais alta em seis anos

A inadimplência em Belo Horizonte alcançou, em agosto, o pior resultado em 2015, segundo pesquisa da Fecomércio MG. O registro de compromissos financeiros com atraso de pagamento há mais de 90 dias chegou a 7,7%. O resultado também é o pior desde o sexto bimestre (novembro/dezembro) de 2009.

“O consumidor está temeroso quanto ao cenário de instabilidade econômica que o país vem enfrentando, e tem priorizado no orçamento doméstico a compra de artigos de primeira necessidade e a manutenção do crédito”, diz o economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida.

O estudo aponta ainda que 37,5% dos entrevistados estão com os compromissos em atraso há mais de três meses.