Perda

CVC perde mais da metade do valor de mercado em 2020

Queda tem relação com coronavírus, alta do dólar e indícios de erros na contabilização de valores transferidos a fornecedores da empresa

Sáb, 07/03/20 - 08h00
Popular. Empresa fundada em 1972 tem presença em 288 cidades | Foto: LEO FONTES / O TEMPO

Influenciada pelos efeitos do coronavírus e da alta do dólar, a CVC, maior operadora de turismo do país, perdeu metade do seu valor de mercado neste ano. Na última quinta-feira (5), a empresa valia R$ 2,98 bilhões, 54% a menos do que os R$ 6,54 bilhões do último pregão de 2019. As ações das aéreas Gol e Azul também estão entre as que mais se desvalorizaram no mês passado, com quedas superiores a 20%, o que reflete o período de incerteza sobre o impacto da doença na demanda de viagens.

A queda das ações da CVC também foi motivada pelo fato relevante divulgado no dia 28 de fevereiro, em que a empresa diz haver indícios de erros no registro da contabilização dos valores transferidos aos fornecedores de serviços turísticos. Na última quinta-feira, a companhia anunciou o pedido de renúncia do presidente-executivo Luiz Fogaça. O conselho de administração aprovou a indicação de Leonel Andrade para substituí-lo.

“Empresas de viagens e companhias aéreas são impactadas diretamente pelo coronavírus. Se a pessoa deixa de fazer uma viagem, aquilo é perdido não se recupera mais”, afirma o especialista em ações da Levante Ideias de Investimentos, Eduardo Guimarães.

Segundo a CVC, cerca de 70% de seus embarques são de viagens dentro do Brasil, e os clientes que viajam para a Europa, nesta época do ano, representam menos de 5% do total. Caso o consumidor opte por não viajar, a empresa oferece a possibilidade de alteração da viagem ou reembolso, conforme as políticas dos fornecedores.

O impacto do coronavírus já chegou também a agências de viagens de todo o país, por meio de queda nas vendas e cancelamentos, sobretudo de pacotes internacionais para países como França, Itália, Alemanha e China, de acordo com o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens de Minas Gerais (Abav-MG), Alexandre Brandão.

“No segmento corporativo, praticamente todas as grandes feiras internacionais foram suspensas até junho, e o turismo de férias também caiu. Em caso de cancelamento, no geral, as agências devolvem a comissão. Temos que ficar ao lado do cliente”, afirma.

Para ele, há possibilidade de crescimento do turismo dentro do Brasil. “Ainda estamos em uma temporada de calor, quando espera-se que o vírus se propague com menos intensidade. As pessoas podem substituir destinos internacionais por nacionais ou sul-americanos no geral. Esse movimento deve se intensificar nas próximas duas semanas”, pontua.

No setor de aviação, o coronavírus levou ao menor crescimento anual em dez anos. A demanda de passageiros da aviação mundial cresceu 2,4% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado, o menor avanço desde abril de 2010, quando uma erupção vulcânica na Islândia provocou diversos cancelamentos de voos na Europa. Desta vez, segundo a Associação Internacional de Transportes Aéreos, o vírus foi responsável pela desaceleração.

Entre as companhias aéreas, a Latam suspendeu temporariamente as operações entre São Paulo e Milão por causa da doença. A medida está em vigor de 2 de março a 16 de abril. A empresa informou que “está atenta ao cenário de propagação do vírus e segue operando seus demais voos programados para outros destinos”. A Gol declarou que não sofreu impactos até o momento e que “está acompanhando de perto a possível evolução do coronavírus no Brasil”.

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