Tensão

Dólar passa dos R$ 4 com guerra comercial e eleição argentina

Bolsa de São Paulo começou o dia em forte queda; o presidente argentino, Mauricio Macri, foi derrotado nas eleições primárias deste domingo

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de agosto de 2019 | 12:39
 
 
A desvalorização do dólar ocorreu pelo terceiro dia consecutivo Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O dólar sobe fortemente ante o real nesta segunda-feira, 12, superando o nível de R$ 4, em meio à preocupação com o prolongamento da disputa comercial entre Estados Unidos e China e à perspectiva de que o presidente argentino, Mauricio Macri, não conseguirá se reeleger nas eleições de outubro.

Às 10h32, o dólar avançava 1,71%, a R$ 4,0079, depois de chegar na máxima de R$ 4,0119. Na sexta-feira, o dólar encerrou o dia em alta de 0,33%, cotado a R$ 3,9405. Foi a quarta semana consecutiva de alta. No mesmo horário, o Ibovespa tinha queda de 1,95%, chegando aos 101.963,34 pontos.

"A falta de novidade em relação à tratativa comercial está deixando investidores muito apreensivos. Não sabemos quanto tempo isso vai durar, há preocupação de que essa guerra comercial possa se prolongar e isso está assustando um pouco os investidores”, afirmou a economista da CM Capital Markets, Camila Abdelmalack, acrescentando que isso poderá implicar em revisões às projeções de crescimento das principais economias do mundo.

Nesta segunda-feira, um novo fator contribui para o sentimento de aversão ao risco, mais especificamente sobre os emergentes, após eleições primárias na Argentina no fim de semana apontarem para uma derrota da chapa de Macri. O dólar bate máxima histórica e supera os 55 pesos na abertura do pregão no país vizinho.

Os eleitores rejeitaram com ênfase as políticas econômicas austeras de Macri. A coalizão que apoia o candidato de oposição Alberto Fernández - cuja companheira de chapa é a ex-presidente Cristina Kirchner - liderava com 47,3% dos votos, uma vantagem de 15 pontos porcentuais, com 88% das urnas apuradas.

Investidores veem Fernández como uma perspectiva mais arriscada do que o pró-mercado Macri devido às políticas intervencionistas prévias da oposição.

Noticiário global mexe com a Bolsa 

O Ibovespa abriu a sessão de negócios em queda forte e logo perdeu mais de 2 mil pontos, também sob efeito no noticiário global. Por volta das 10h30, o fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) argentino Global X MSCI Argentina ETF tinha baixa de mais de 20% nos negócios do pré-mercado em Nova York em razão da derrota de Macri nas primárias.

Nesta segunda, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) fixou o câmbio a 7,0211 yuans por dólar, a terceira alta seguida acima do patamar de 7,00, o que ficou abaixo do esperado por analistas. Há uma semana, a instituição  depreciou a moeda chinesa ante a americana para além daquela marca de 7,00 yuans por dólar desde 2008, o que recebeu como resposta do Departamento do Tesouro dos EUA a declaração de que a China manipula sua divisa para obter vantagens comerciais.

Não bastassem os ataques por parte dos EUA, protestos em Hong Kong contra a China avançam e chegam à décima semana. As manifestações levaram cerca de 5 mil manifestantes ao aeroporto internacional de Hong Kong e provocaram a suspensão das decolagens de aeronaves por toda a segunda-feira