Desconhecida

Empresária investigada pela PF é suspeita de estelionato

AG diz faturar R$ 102 milhões, mas não apresenta clientes e é desmentida por montadoras

Por Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2013 | 03:00
 
 

A AG Log Transportes, investigada pela Polícia Federal por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina a autoridades do Ministério do Trabalho, conforme reportagem da revista “Isto É”, é comandada por uma empresária suspeita de estelionato e falsidade ideológica. Ana Cristina Aquino, a dona da AG Log Transportes, coligada à AGX Transportes, tem dois CPFs. Ela também é portadora de dois RGs (números 13.102.694 e MG-10.673.081), conforme consta em ocorrências policiais às quais O TEMPO teve acesso.

Ter documentos em duplicidade caracteriza crimes de falsidade ideológica e estelionato, explica o professor de direito penal da Universidade Fumec Guilherme Orlando Anchieta Melo. “Quando isso acontece, fica claro que a intenção da pessoa é fraudar”.

O professor diz que até é possível que uma pessoa receba dois números diferentes de CPF, por um engano da Receita Federal. “Pode acontecer de a pessoa perder todos os documentos e receber os novos com um número diferente. Mas ela tem que cancelar um dos dois”, explica. Os crimes têm penas de até cinco anos de prisão cada.

Há mais pontos obscuros. Com sede em Betim, a transportadora, criada em 2010, declarou faturamento de R$ 102,4 milhões entre junho de 2012 e junho de 2013, conforme documento ao qual O TEMPO teve acesso . No entanto, ex-funcionários afirmam que o faturamento real é muito inferior ao declarado. Embora o valor para o mês de maio deste ano, por exemplo, passe dos R$ 16 milhões, motoristas que acreditaram nas promessas da empresária não fizeram nenhuma viagem nos últimos meses.

A inoperância da empresa fica ainda mais evidente pelo desconhecimento do setor. “Estou há 30 anos no ramo e nunca ouvi falar da Ag Log”, diz o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Costa. De acordo com ele, o faturamento declarado corresponde ao de uma grande transportadora, mas não se explica já que a empresa não tem um grande cliente conhecido.

A AG Log se apresenta como transportadora de veículos e diz que trabalha para a Renault e a Nissan, no Paraná. As duas montadoras informaram, no entanto, que seus carros são transportados exclusivamente pela Catlog. A reportagem procurou a Catlog para saber se há terceirização do serviço para a AG Log, mas a empresa não respondeu. Informalmente, um representante afirmou que todo o serviço é prestado pela Catlog, sem terceirização.

Ana Cristina também está tentando criar um sindicato de caminhoneiros em Pernambuco. Ela inclusive teria usado R$ 3 milhões para a abertura dessa entidade. Apesar disso, o sindicato ainda não funciona, não tem site ativo e os seus telefones só chamam até desligar.