Se depender das expectativas projetadas para dezembro, o Natal deste ano será mais gordo. Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 77% dos consumidores têm intenção de comprar presentes. No ano passado, eram 72%.

O índice de confiança do consumidor, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu de 74,6 pontos para 88,9 pontos.

Juros e inflação caíram, mas o desemprego continua alto, e a estimativa de crescimento do PIB feita pelo mercado encolheu de 1,39% nesse mesmo período de 2018, para 0,99% agora.

Mas, se, na realidade, o cenário econômico não está tão melhor em relação ao ano passado, de onde vem o otimismo que promete um Natal bem mais aquecido?

De acordo com o educador financeiro do SPC Brasil José Vignoli, a resposta está exatamente nas expectativas, que estão boas.

“Embora os indicadores estejam parecidos em relação ao último Natal, as expectativas estão boas, e é disso que é feita a economia. As pessoas estão vendo o desemprego começar a diminuir, e, com isso, o clima fica mais favorável, e elas ficam mais propensas a consumir”, explica Vignoli.

O especialista ressalta que, quando a sensação é positiva, os reflexos também são. “A economia também é movida a expectativas. Embora os juros ainda estejam altos na ponta, eles estão caindo. O desemprego está diminuindo. Tudo isso traz mais confiança e faz com que as pessoas se sintam mais à vontade para comprar e tomar novas responsabilidades, como financiamentos de casas ou carros. O que é muito importante, pois um bom Natal pode refletir um bom começo de 2020 e trazer a tão esperada recuperação econômica”, analisa.

Vignoli lembra que, mesmo com a taxa de desemprego parecida com a do ano passado, o crescimento dos trabalhadores informais está empurrando para frente a economia. “É muita gente entregando comida, dirigindo carro de aplicativo. Tudo isso injeta dinheiro e explica a expectativa para o Natal”, diz.

O professor de economia do Ibmec Gláuber Silveira avalia que a principal explicação para o otimismo vem da sensação política. “Ao contrário de 2018, não teremos eleições. Mesmo com o ritmo lento de retomada, as pessoas começam a ouvir falar das reformas e esperam que algo melhore. Então, o empresário fica mais estimulado a investir, e a geração de emprego começa a aumentar”, explica.

Silveira, que também é pesquisador da Fundação João Pinheiro (FJP), ressalta que, embora a taxa de desemprego medida esteja parecida com a do ano passado, o saldo de vagas formais, medido pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), sinaliza recuperação. “Em todo o ano passado, o Brasil teve um saldo de 546 mil postos de trabalho. Em 2019, de janeiro a outubro, está em 841 mil vagas com carteira assinada”, afirma.

Segundo o Silveira, mesmo com indicadores piores em relação ao ano passado, dados como esse – contratações superando as demissões – trazem a sensação de queda nas incertezas.

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