Combustíveis

Gasolina fica quase 11% mais cara em menos de uma semana

Petrobras faz reajustes sucessivos e culpa furacão Harvey, que afetou produção nos EUA

Ter, 05/09/17 - 03h00
Reajuste nas distribuidoras é repassado para o consumidor quase que no mesmo dia | Foto: MOISÉS SILVA - 31.1.2015

O motorista pode preparar o bolso novamente. É que a Petrobras anunciou ontem nova elevação nos preços da gasolina em suas refinarias, que passam a acumular alta de quase 11% nos poucos dias deste mês. A justificativa agora é o furacão Harvey, que fechou refinarias nos Estados Unidos e levou a uma disparada nos valores de referência do combustível no mercado mundial.

A gasolina terá elevação de 3,3% nas refinarias já hoje. Na semana passada, a companhia havia anunciado reajustes de 2,7% e 4,2% para o combustível. No diesel, o reajuste anunciado ontem foi marginal, de 0,1%. Antes, o combustível havia subido 0,8% e 4,4% na última semana.

O preço médio da gasolina, conforme pesquisa divulgada ontem pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) está em R$ 3,805. O levantamento foi feito entre o dia 27 de agosto e 2 de setembro. O valor é 3% maior que o verificado na semana anterior (R$ 3,694). Com o reajuste que passa a valer hoje, o combustível deve subir pelo menos mais R$ 0,03 por litro.

Para o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Minaspetro), Bráulio Chaves, a tendência é de que haja repasse imediato dos preços. “Os aumentos seguidos dos combustíveis não são bons para os consumidores e também não são bons para os postos, que estão convivendo com redução do consumo”, diz. Ele afirma que o último aumento em razão do furacão nos Estados Unidos foi precipitado. “Afinal, os efeitos já estão passando”, observa.

Justificativa.  A estatal disse em comunicado que o novo reajuste foi decidido por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp), convocado quando há necessidade de reajustar os combustíveis em mais de 7% para cima ou para baixo em um único mês. “Na última semana, em razão dos impactos do furacão Harvey na operação das refinarias, oleodutos e terminais de petróleo e derivados no Golfo do México, os mercados de derivados sofreram variações intensas de preços”, informou a Petrobras em nota.

Apesar da convocação do grupo de preços para autorizar reajustes logo no início do mês, a Petrobras afirmou que a avaliação dos executivos do Gemp é de que a companhia tem conseguido praticar valores adequados às volatilidades dos mercados de derivados e do câmbio. Especialistas do mercado já apontavam que os efeitos do Harvey deviam pressionar a Petrobras a novos reajustes na gasolina, devido às promessas da companhia de não praticar preços abaixo da paridade internacional.

Os impactos da tempestade nos EUA, no entanto, começam a ser dissipados nesta semana, com refinarias retomando lentamente suas atividades. Os preços de referência da gasolina nos Estados Unidos caíam cerca de 4% ontem para os níveis mais baixos desde 25 de agosto, quando o Harvey atingiu o continente.

A nova política de preços adotada pela Petrobras foi anunciada em 30 de junho. Naquela dia, a estatal informou que os reajustes teriam mais frequência e poderiam até ser diários, dependendo das oscilações do preço do produto no mercado externo. No entendimento da Petrobras, com a revisão anunciada, a nova política de preços permitiria maior aderência dos preços do mercado doméstico ao mercado internacional no curto prazo e possibilitaria competir de maneira mais ágil e eficiente, recuperando parte do mercado que a empresa vinha perdendo para os derivados importados. (Com agências)


No Estado, compensa colocar álcool

O etanol está competitivo no Estado, conforme dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). O combustível derivado da cana-de-açúcar está custando 69% do valor da gasolina.

A regra é que o preço do etanol não pode ser superior a 70% do combustível fóssil. O preço médio do litro do etanol em Minas Gerais no período de 27 de agosto a 2 de setembro foi de R$ 2,671, enquanto que o da gasolina foi de R$ 3,869. Em Belo Horizonte, alguns postos já estão com a proporção abaixo de 64,9%

Balanço. O Instituto de Metrologia de Minas Gerais (Ipem-MG) não divulgou ontem balanço da operação Octanagem, que investiga fraude nas bombas de postos de combustíveis. São 50 postos investigados no Estado.

Efeito direto sobre a inflação da capital

O belo-horizontino começou agosto pagando, em média, R$ 3,67 pelo litro da gasolina. Terminou agosto abastecendo por R$ 3,80. O aumento atingiu em cheio a inflação, que cresceu 0,13% no mês passado. “Devido aos recentes aumentos anunciados pelo governo, a gasolina foi o destaque do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com alta de 6,5%”, afirma a coordenadora de pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead-UFMG), Thaise Martins.

Além dos combustíveis, que vêm subindo desde o dia 20 de julho, quando o governo elevou a alíquota de PIS/Cofins, as tarifas de água e de energia elétrica também foram destaques, com altas de 8,7% e 2,39%, respectivamente. Thaise afirma que os três itens fazem parte do grupo de preços administrados, aqueles controlados pelo governo. Apesar dos aumentos, a economista ressalta que a situação está muito melhor em relação ao ano passado. “De janeiro a agosto, a inflação está acumulada em 2,61%. No ano passado, nesse mesmo período, estava em 6,81%. Tudo indica que vamos fechar dentro da meta oficial, que é de 4,5%”, explica. No ano passado, o IPCA de BH foi de 7,46%. (Queila Ariadne)

Preços. Entre os itens que ficaram mais baratos em Belo Horizonte no mês de agosto estão passagens aéreas (-21%), cabeleireiro (-3,8%) e vestuário (-13,3%). 

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