O faturamento anual da indústria de produtos para pets está escalando na pandemia e deve finalizar 2022 17% maior do que o ano anterior, chegando a R$ 41,8 bilhões, estima a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). O aumento da receita acompanha a tendência de alta da população de cães, gatos e outros bichos de estimação no país, que chegou a quase 150 milhões em 2021, segundo o Instituto Pet Brasil (IPB). Além de companhia para os tutores, esse aumento significa uma chance de faturamento para pet shops e criação de novos negócios.
Em Belo Horizonte, o filão vai além do banho e tosa e os pets ganharam inclusive um bar com petiscos, cerveja e vinhos adaptados, o Pet Chopp. Inaugurado há cerca de um mês no Mercado Novo, no Barro Preto, região Centro-Sul, o negócio tem atraído os tutores que passeiam com os cachorros pelas lojas do mercado.
“Temos comida para cachorros, bala, sorvete, tudo natural, além de banho e tosa. A galera vem para tomar cerveja e deixa o cachorro para ficar tranquila. Tudo o que é de qualidade sai, por mais que a comida natural seja mais cara. Compramos produtos de uma empresa nem não conhecida e tivemos que colocar tudo em promoção, porque o cliente procura outras”, explica um dos sócios do bar para pets, Gilmar Junior. O espaço funciona todos os dias da semana e, ainda, organiza festas de aniversário para pets.
Lojas que estão há mais tempo no mercado também aproveitam a onda de investimentos dos tutores. Proprietária do Pet Vip BH, no Lourdes, região Centro-Sul, Liliane Alves recorda que houve um “boom” de vendas no primeiro semestre de 2020, no início da pandemia, quando mais pessoas começaram a adotar ou comprar pets. Embora o pico tenha passado, diz a empreendedora, o movimento continua em alta.
“Hoje, as pessoas estão buscando ração de mais qualidade. Trabalhávamos com uma linha mais popular e vimos que a venda estava caindo, então mudamos para uma ração de melhor qualidade e as vendas voltaram ao normal. A saída de brinquedos também aumentou muito”, conta. Ela relata que, no final de 2021, realizava em média 360 banhos de pets mensais, número que subiu para 470 atualmente.
Por outro lado, tanto lojas quanto clientes pagam mais caro pelos produtos. Cerca de 80% do faturamento do setor previsto para 2022, o equivalente a R$ 33,2 bilhões, corresponde a alimentos para pets, que sofreram uma inflação de aproximadamente 11% nos últimos 12 meses, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por isso, o presidente-executivo da Abinpet, José Edson Galvão de França avalia que a alta do faturamento também se relaciona ao aumento dos preços.
“Entre 2020 e 2021, as matérias-primas de origem animal passaram por aumento que superou os 100% no seu valor de comercialização. As demais matérias-primas, como o arroz, um dos ingredientes do pet food mais usados, subiu mais de 100% nos últimos cinco anos. O milho, mais de 200%, e a soja, mais de 130%. Todos eles, ingredientes influenciados tanto pelo câmbio do dólar quanto pela demanda internacional”, detalha.
Ele argumenta que a indústria tem estreitado a margem de lucro para que os preços não explodam para o consumidor. Mesmo com os aumentos, a produção de alimentos para pets deve crescer 7,2%, em comparação ao ano anterior, aproximando-se de 4 milhões de toneladas produzidas no Brasil só em 2022.