Os moradores de 81 bairros em todas as regiões de Belo Horizonte relataram ao jornal O TEMPO problema de abastecimento de água pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) ocorrido, pelo menos, nos últimos 10 dias. A apuração contou com a participação de cerca de 300 leitores que entraram em contato com o jornal pelo portal, pelas redes sociais e também através de telefonemas feitos na redação para confirmação dos casos.


Diante do quadro apresentado, a Copasa afirmou em nota oficial que “no momento, não há risco de desabastecimento em BH”. Segundo a empresa, a “intermitência” de água nos bairros da capital ainda é “reflexo da interrupção do principal sistema de abastecimento de água ocorrido no dia 8 de outubro, provocada por vandalismo nos cabos de alta tensão”.

Nessa nota, porém, a Copasa reconhece que “devido à estiagem, ao calor intenso e ao alto consumo de água, os reservatórios que abastecem as partes altas desses bairros baixaram de nível e estão demorando a recuperar, causando intermitência no abastecimento”. Da mesma forma, lançou uma campanha de conscientização nesta quinta dizendo que para evitar um racionamento, a população da capital deve economizar o recurso.

No entanto, em alguns bairros, a situação tem se prolongado. “Está insuportável. Chego a ficar três dias sem água. Moro em um prédio que não tem todos os moradores e pego água da caixa desses apartamentos”, afirma a professora Eliane Izabel Braga Castro, 43, do São Bernardo, na região Norte.

Também sofrem os comerciantes. “Já tivemos que mandar clientes para casa por causa da falta de água. Está faltando água todos os dias há cerca de 20 dias. Depois do almoço, a água acaba e volta só durante a noite. Estamos economizando, mas já fomos prejudicados”, disse Rodrigo Amorim, proprietário do Pet Shop Cão Mania, no Padre Eustáquio.

Mobilização. O movimento Nossa BH já começou a se mobilizar para entender o que está acontecendo. “É preocupante que os cidadãos relatem a falta de água e continuemos sem resposta”, diz Adriana Ferreira, voluntária do Nossa BH e administradora. O movimento pleiteou junto às comissões da Câmara dos Vereadores uma audiência pública para que a situação seja explicada. “A prefeitura tem que responder para a população o que está acontecendo, mesmo sendo a Copasa a responsável pela distribuição”, afirma Adriana.

Reservatórios
Vazios.
Segundo a Copasa, o sistema Paraopeba está operando com 30% a menos da capacidade prevista e o sistema Rio das Velhas está com 50% a menos da vazão normal para o período.