Se "A leitura engrandece a alma" - uma das frases do filósofo iluminista francês Voltaire grafadas nas sacolas da Leitura -, ela também engrandece os negócios. A rede mineira, de 45 anos, que vendeu no ano passado 3,3 milhões de livros, além de itens de cultura e entretenimento, vai incorporar às atuais 36 megastores, mais sete unidades neste ano, e outras seis lojas em 2014. O sócio-diretor da Leitura, Marcus Teles, 46, diz que a empresa tem dado preferência a cidades com mais de 400 mil habitantes que não têm o modelo da livraria megastore. "Começamos o ano com 36 lojas e devemos terminar com 43", afirma o empresário.

Neste ano, os locais escolhidos são: Betim e Sete Lagoas, em Minas Gerais; shopping Nova América, na região da Linha Amarela, e uma outra unidade também no Rio de Janeiro;Campinas e Taubaté, em São Paulo; e em Maceió, Alagoas. "Em Maceió, vai ser a primeira megastore de 1.000 m² no Estado. A maior livraria lá tem 200 m²", conta Teles.

Com presença em dez Estados, Marcus Teles explica que, nas grandes cidades, como Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, a Leitura vai para um bairro que ainda não tem megastore. Na região metropolitana de Belo Horizonte, são 14 lojas. Sobre novas unidades na capital mineira, Teles diz depender da abertura de novos shoppings.

Em Minas Gerais, tem Leitura em Contagem, Betim, Governador Valadares, Ipatinga, Juiz de Fora e Urberlândia. "Em Minas, a Leitura tem liderança grande em todas as áreas", informa Teles. Em 2014, estão previstas megastores em Porto Velho, em Rondônia, a primeira loja na capital paulista, em Teresina, no Piauí; e outras duas ou três lojas no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

A virtualização crescente do mundo parece não preocupar Teles. "Apesar de todo mundo estar falando em livro digital, estamos abrindo lojas para vender livros e CDs, que disseram que iam acabar". O executivo concorda que o livro digital está crescendo, mas ainda tem mais propaganda do que mercado real no Brasil, onde significou 0,5% das vendas de livros em 2012. "Mesmo na Europa, excluindo a Inglaterra, as vendas variam de 2% a 10%", diz.

Olhando para o passado, nem parece que a Leitura começou numa loja da galeria do Ouvidor, no Centro de Belo Horizonte, em 1967, fundada por um dos irmãos de Marcus, Emídio Teles Filho. "Meu irmão tinha 17 anos e queria abrir um negócio. Ele e meu primo foram a uma livraria antiga e gostaram", lembra Teles. A livraria se chamava Lê e ficava numa loja de 15 m², com livros didáticos novos, usados, com capital inicial equivalente a R$ 15 mil. Com o tempo, os 15 irmãos da família de Dores do Indaiá passaram pela Leitura, que teve esse nome definitivo em 1975, por questões societárias. Todas as lojas são da família Teles.

Para Marcus Teles, o caçula, livro é lazer e diversão e não somente negócios. O preferido dele é "Os Miseráveis", do escritor francês Victor Hugo. "Esse livro marcou a minha vida".