Minas Gerais tem sido um solo fértil para o crescimento de startups, um setor que gera empregos qualificados e atrai investimentos, especialmente na área da tecnologia. Entre 2015 e 2022, a quantidade desses empreendimentos no Estado passou de 365 para 1.250, um aumento de 242%. As startups são empresas emergentes, altamente inovadoras e com capacidade de atender grande demanda. São exemplos as empresas Quinto Andar, Nubank, iFood e Méliuz.
Especialista em gestão pela FGV e proprietário da Hubkn, Almir Neves aponta os benefícios proporcionados pelas startups aos locais em que estão instaladas. “Israel, por exemplo, é um dos menores países do mundo, mas com grande densidade de talentos e empresas inovadoras globais. Em Tel Aviv você encontra não somente startups, mas as principais empresas de tecnologia do planeta, que encontram o ecossistema completo de inovação”, afirma.
Ao todo, Minas concentra 9,5% das startups do país, ficando atrás de São Paulo (32,5%) e Santa Catarina (12,6%). Além de Belo Horizonte, o Estado tem outros polos de startups, como Uberlândia, Uberaba e Juiz de Fora. Os dados foram fornecidos pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG).
Investimentos. A maior parte das startups demanda mão de obra especializada na área de tecnologia, mas não é fácil encontrar esse tipo de profissional no mercado. Pensando nisso, o programa Tecpop Minas busca capacitar pessoas interessadas em atuar na área. O TecPop foi instituído pelo Decreto Estadual 48.305, de 23 de novembro de 2021. De acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, a iniciativa tem a missão de democratizar a tecnologia, o empreendedorismo e o conhecimento para a população mineira.
Há também o Seed (siga em inglês para “desenvolvimento de ecossistema para startups e empreendedorismo”). Trata-se de uma plataforma de fomento do ecossistema mineiro de inovação. Esse programa também é coordenado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento e já gerou mais de 2.000 empregos e captou R$ 58 milhões em investimentos.
Mas, para Almir Neves, os incentivos para o setor ainda estão longe do ideal. “A Prefeitura de Miami, nos Estados Unidos, por exemplo, vem facilitando a abertura de empresas, oferecendo locais adequados e criando bancos de talentos em boas universidade. Infelizmente, no Brasil, no atual governo, temos visto pouco apoio federal às startups e algumas poucas iniciativas regionais de sucesso”, analisa.
Só para se ter uma ideia, o crescimento do mercado de carros elétricos no país motivou a criação da Tupinambá Energia, em 2019, sediada em São Paulo. Neste ano, a empresa, atraída pela malha viária e pelo crescimento do mercado de carros elétricos, chega a Minas Gerais.
Mercado é promissor e requer profissionais bem-treinados
A A startup Tupinambá Energia facilita a vida dos proprietários de veículos elétricos, exibindo 1.200 pontos de recarga ao redor do país. “O que a Tupinambá se propõe a fazer é ajudar o dono de carro elétrico e os interessados que querem fazer a opção pelo carro de matriz energética elétrica, mas têm medo de ficar sem carregar o automóvel”, diz o CEO da startup, Davi Bertoncello.
“O que nós estamos falando de um projeto para em um ano colocar cem estações. É realmente o tamanho do nosso ímpeto por atender a malha em Minas Gerais. A curva de adoção dos carros elétricos no Estado é acima da média”, ressalta o CEO da Tupinambá.
Já a Méliuz surgiu em Belo Horizonte em 2011 e acompanhou o crescimento das startups no Estado. A empresa, que oferece cupons de desconto e cashback, iniciou as suas atividades com poucos funcionários. Hoje, tem capital aberto na Bolsa de Valores e continua em franco crescimento.
“Em 2011, quando o Méliuz ainda dava seus primeiros passos, havia poucas startups na cidade, e todas operavam com poucos funcionários, muitas vezes funcionando dentro de apartamentos”, diz o CEO da Méliuz, Lucas Marques.
Hoje, de acordo com o empreendedor, são centenas de startups nesse setor em Belo Horizonte e em várias regiões do Estado. Muita dessas empresas empregam hoje mais de mil pessoas e estão valendo bilhões de reais. “Algumas, inclusive, já operam em outros países, o que mostra que nosso trabalho vem sendo reconhecido lá fora”, avalia.
Marques diz que o que mais pesa para uma startup escolher um local para se desenvolver são a qualificação da mão de obra e a carga tributária. “O aumento de impostos não colabora. Pensando na oferta que criamos no mercado de trabalho, bons incentivos fiscais por parte do poder público poderiam incentivar esse desenvolvimento. Além disso, o setor precisa de bons profissionais na área de desenvolvimento de software”, diz.