Crise

Shoppings têm o maior número de lojas fechadas da história

Média atual de vacância nos malls de BH e região é de 12,4%, bem acima dos 3% de anos anteriores

Ter, 21/02/17 - 03h00
Varejo. Situação é mais grave nos estabelecimentos que foram inaugurados mais recentemente | Foto: Jaques Diogo

A quantidade de lojas fechadas nos shoppings em Minas Gerais é recorde, conforme o superintendente da Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (AloShopping MG), Alexandre Dolabella França. Levantamento da entidade mostra média de vacância em fevereiro deste ano de 12,4%. “O estudo é inédito, mas a média de anos anteriores variava de 1% a 3%”, diz.

A pesquisa feita pela AloShopping leva em conta o número de lojas fechadas em 15 shoppings em quatro cidades: Belo Horizonte, Contagem, Betim e Sete Lagoas.

Os principais motivos que estão afugentando os lojistas dos malls, segundo França, são a crise e os altos custos desses empreendimentos. Ele explica que, para ocupar um espaço no shopping, os lojistas têm que pagar aluguel, condomínio e fundo de promoção. “Para ser viável, os custos com a ocupação não devem ultrapassar 10% do faturamento. Só que há casos que chegam a 30%. É preciso rever isso, pois vivemos uma outra realidade no país, que é a recessão. O consumidor não compra mais como comprava antes da crise”, analisa.

França observa que estabelecimentos consolidados têm um percentual de lojas fechadas menor, abaixo da média de 12,4%. “Esses shoppings inauguraram em outra época, em fases em que a economia estava melhor e possuem mais tempo de mercado, são mais conhecidos e isso ajuda em períodos de recessão”, observa.

De acordo com o levantamento, o BH Shopping, inaugurado em 1979, tem vacância de 5,9%, enquanto que o Monte Carmo Shopping, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, inaugurado em 2014, tem um percentual maior, 50,6%, o mais alto entre os 15 centros de compra analisados. Em seguida, há outro shopping da mesma cidade, o Partage Shopping Betim, antigo Metropolitan Shopping Betim, com vacância de 32,9%. Esse centro de compras está no mercado desde julho de 2013.

Procurado pela reportagem, o Monte Carmo, por meio de nota, informou que não confirma os dados e que prefere não comentar o assunto. E o Partage ressaltou que a pesquisa tem metodologia diferente da feita pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) – entidade que representa o setor – e que também prefere não comentar os dados da AloShopping.

O grupo Multiplan, formado por shoppings situados na região Centro-Sul da capital, BH Shopping, Diamond Mall e Pátio Savassi, pediu para a reportagem procurar a Abrasce.

A entidade informou que o Censo Abrasce 2017, divulgado em janeiro, mostra que a vacância dos shopping centers brasileiros foi de 4,6% e da região Sudeste foi de 4,3% no ano passado.


Média baixa

Cidade questiona levantamento

O Shopping Cidade, situado na região central de Belo Horizonte, terá, nos próximos 45 dias, mais quatro lojas, conforme a gerente de marketing do centro de compras, Carolina Vaz.

Ela diz que, diferente da pesquisa da AloShopping, que mostra seis lojas fechadas, são duas. “E essas estão no início das negociações”, frisa.

Carolina ressalta que a taxa de vacância no centro de compras, que vai completar 26 anos em abril, é historicamente baixa, de uma a duas lojas. “Somos um empreendimento consolidado no mercado. Temos uma boa localização, com um fluxo elevado, de 70 mil a 80 mil pessoas por dia, fora as datas comemorativas. Isso tudo ajuda”, observa. (JG)


Boulevard diz que os índices nunca estiveram tão baixos

O Boulevard Shopping, situado na região Leste de Belo Horizonte, em nota, informou que a vacância é de 1,6% da Área Bruta Locável (ABL), um dos menores índices da história do centro de compras.

Também por meio de nota, os shoppings Contagem, Del Rey, Estação BH e Sete Lagoas, controlados pela rede BRMalls, “esclarecem que as estimativas apresentadas não refletem a realidade dos empreendimentos”. O Ponteio preferiu não comentar o assunto. Minas Shopping e Itaú Power Shopping não tinham fonte para falar sobre o assunto. O Via Shopping não se manifestou até o fechamento dessa edição. (JG)
 

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