Eleições 2022

Zema usou apenas cinco dos nove dias disponíveis para fazer campanha

Desde que propaganda eleitoral começou oficialmente, governador preferiu compromissos mais brandos; assessoria já divulgou agenda vazia para amanhã (24)

Por Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2022 | 19:14
 
 
Governador e candidato à reeleição Romeu Zema (Novo) em Araxá, um dos poucos compromissos de campanha até o momento Foto: Gil Leonardi/Novo

A campanha eleitoral começou oficialmente na última terça-feira (16), porém, o governador e candidato à reeleição Romeu Zema (Novo) segue com uma estratégia curiosa: a de poucos compromissos de campanha. Em nove dias, considerando esta quarta-feira (24), na qual a assessoria do governador já havia informado que ele não teria agenda de campanha, Zema teve tarefas na busca pela reeleição em apenas cinco dias. Destes, dois foram no interior do Estado (Araxá, cidade natal de Zema e Viçosa), e os outros três dias em Belo Horizonte. Nas agendas realizadas na capital estão incluidas um dia para sabatina a um portal e outra para “reuniões internas sobre a execução do plano de governo”.

A porcentagem de uso do tempo para fazer campanha, considerando cinco dias de campanha realizada nos nove dias possíveis, é de 55%. Na medida em que ainda atua como chefe do executivo do Estado, Zema se divide com compromissos oficiais, como a posse do ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), realizada em Brasília, o que lhe favorece ao mostrar para os eleitores alguma atuação enquanto governador.

Pedro Marques, mestre e doutorando em ciência política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acredita que essa estratégia de campanha adotada até o momento pela campanha de Zema reflete os bons resultados nas últimas pesquisas de intenções de voto. “O objetivo dele é, ao que me parece, segurar a bola já que o placar o favorece, e muito”, afirmou.

Marques diz ainda que, ao usar poucas agendas de campanha, Zema acaba evitando polêmicas na corrida eleitoral.  “Para mim, parece até racional evitar uma superexposição que possa gerar alguma situação que deflagrasse uma crise”. Ele, porém, faz uma ressalva quanto a essa estratégia. “O risco é que o eleitor possa interpretar algumas situações, como a ausência dele no debate, como uma posição arrogante ou de alguém que está com medo de debater ou prestar contas”, pontuou.

Em nota, a assessoria do governador ressaltou a atuação de Zema como chefe do Executivo para responder o questionamento sobre os dias sem agenda de campanha. “O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), segue focado principalmente em exercer o mandato para o qual foi eleito, com o objetivo de recuperar os estragos provocados pelo governo passado”, diz o conteúdo enviado.

DATATEMPO mostra vantagem de Zema na corrida eleitoral

Um dos principais fatores que são a favor do governador e candidato à reeleição Romeu Zema (Novo) são as pesquisas de intenções de voto. Conforme mostrou O TEMPO nesta terça-feira (23), pesquisa DATATEMPO mostra que Zema ultrapassou numericamente Alexandre Kalil (PSD) na região metropolitana de Belo Horizonte, única área do Estado em que o ex-prefeito aparecia na frente do candidato do Novo e que responde por 31,5% do total de eleitores de Minas. No quadro geral, com todo o Estado, Zema segue na frente e, quando levados em conta apenas os votos válidos, vence no primeiro turno.

Por outro lado, a campanha do candidato ao governo de Minas Alexandre Kalil (PSD) trabalha para que os eleitores saibam que ele é o candidato apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para as eleições no Estado.

Com esse afinco, a pesquisa DATATEMPO revela que Kalil conseguiu acabar com a vantagem do governador Romeu Zema (Novo) nessa fatia do eleitorado (eleitores de Lula), e os dois agora estão tecnicamente empatados.

Entretanto, o levantamento aponta que parte dos eleitores de Lula e que votavam em Zema passaram a não responder à pesquisa ou a dizer que não sabem em quem vão votar para governador, ou seja, não migraram diretamente para o nome do ex-prefeito de Belo Horizonte.