Artes cênicas

'Arandu: Lendas Amazônicas' chega a BH, com entrada franca

No palco, uma índia vivida pela atriz macapaense Lucia Morais conta histórias da grande floresta em uma viagem imaginária pela ancestralidade indígena

Por Patrícia Cassese
Publicado em 06 de novembro de 2019 | 03:00
 
 
Em cena, a atriz macapaense Lucia Morais narra lendas que permeiam a região amazônica Jackeline Nigri/Divulgação

Ao travar contato com a potência do trabalho da atriz macapaense Lucia Morais, o diretor Adilson Dias não teve dúvida: “Fui logo procurar esta mulher que contava histórias nas favelas e montava bibliotecas”, exalta. Desta parceria nasceu o espetáculo “Arandu: Lendas Amazônicas”, que chega hoje ao teatro 2 do CCBB-BH (praça da Liberdade, 450), após ter passado pelo Rio. Cereja do bolo: a entrada é gratuita, mediante retirada dos ingressos na bilheteria.

Para todas as idades, a montagem repassa quatro lendas: a do dia e da noite, sobre uma tribo em agonia pela ausência das noites; a da vitória-régia, sobre uma guerreira; a da fruta amarela, que trata de um novo fruto, e a do açaí, sobre a falta de alimentos em uma tribo. “Por meio do trabalho de Lucia, fui pesquisar a cultura indígena e, nesse processo, vi que havia ali uma história a ser compartilhada”, conta ele.

No palco, Lucia interpreta as histórias, que ratificam a importância da tradição oral. “Reescrevi essas lendas sem descontexualizá-las. Saí da narrativa prosaica linear e enfeitei com poesia”, afirma Dias, que, aos 38 anos, tem uma trajetória de vida singular. Filho de uma índia, analfabeta, viveu parte de sua adolescência nas ruas do Rio, no entorno da Candelária, mas volta e meia adentrava o CCBB-RJ para matar a sede. Lá, passou a absorver cultura, enfronhando-se no teatro. Estudou na Casa das Artes de Laranjeiras (CAl) e, depois, lecionou no projeto Sesi Cidadania.

Com “Arandu”, pode voltar ao CCBB – desta vez, no palco, como atração. Dias ressalta a expectativa de visitar Minas. “Minhas referências artísticas são daí: da arte do Aleijadinho ao trabalho dos grupos Corpo e Galpão, passando pela música do Clube da Esquina, Vander Lee. Estou indo aí também para aprender, apreender e sentir vocês de perto”, reforça, entusiasmado.

Em tempo: a peça terá sessões de hoje a sexta e na segunda-feira, às 15h; no sábado e domingo, às 18h30.