Vencedor do Prêmio BDMG Instrumental em 2004, 2012 e 2019 na categoria composição e arranjo, o pianista Rafael Martini está em busca de algo muito particular. Sem fazer concessões ao mercado fonográfico e a sentimentos que considera artificiais, ele quer colocar sua arte em um terreno livre de definições, em que improvisos podem levar ao rock, ao pop, ao jazz, ao frevo, ao choro e ao eletrônico, entre outros estilos. “Uma outra coisa que persigo é a união entre a liberdade extrema e arranjos muito intricados”, conta.
Na noite desta quarta-feira (23), Rafael Martini sobe ao palco do Centro Cultural Banco do Brasil para mostrar o resultado dessas investigações musicais em um concerto gratuito que faz parte da série de shows do 19º Prêmio BDMG Instrumental. No repertório, estarão canções de seu disco, ainda sem nome, que está sendo produzido por Chico Neves.
A apresentação, além de coroar a premiação no BDMG Instrumental, é especial para Martini, que cresceu em um ambiente extremamente musical e, aos 21 anos, na faculdade de música da Universidade Federal de Minas Gerais, se encantou pelo piano.
Ao lado de Davi Fonseca (piano e synth), Paulim Sartori (baixo) e Yuri Vellasco (bateria), ele recebe um convidado que é de suas principais referências: o compositor e arranjador baiano Letieres Leite, criador da Orkestra Rumpilezz, que reúne instrumentistas de sopro e percussão e enche os olhos – e os ouvidos do pianista. Martini diz que Letieres, Pixinguinha e Moacir Santos são figuras centrais na nossa cultura e os personagens que mais evidenciaram a matriz africana na música popular brasileira.
“Tenho estudado a música dele há um tempo. Letieres me influencia, principalmente, na atitude, até mais que esteticamente. Ele é muito especial para mim”, comenta. “Será a união de dois trabalhos: ele vai tocar duas músicas minhas, e vamos fazer versões de músicas dele também”, completa o compositor.
Agenda
O QUÊ. Série de shows dos vencedores do Prêmio BDMG Instrumental apresenta Rafael Martini
QUANDO. Hoje, às 20h
ONDE. Teatro I do CCBB (Praça da Liberdade, 450, Funcionários)
QUANDO. Entrada gratuita (retirada de ingressos 1h antes do show)
Músico celebra parceria com Egberto Gismonti
Ao falar sobre as referências que se tornaram marcantes ao longo de sua carreira, Rafael Martini recorre à música clássica e diz que tem descoberto muitas coisas sobre Bach, figura sempre presente na sua playlist. Artistas novos, como a Grizzly Bear, banda de rock alternativo norte-americana, também são alvo das pesquisas musicais do pianista.
Porém, quando o assunto é o cancioneiro nacional, o compositor mostra grande entusiasmo. Há dois anos, Martini faz parte de um quarteto criado pelo multi-instrumentista Egberto Gismonti, uma de suas maiores influências. No projeto, ele toca acordeão. “É demais, um privilégio. Não tem essa coisa do ego, de ‘uau, estou tocando com fulano’. Nossa relação é em prol da música, que é a coisa maior que tem”, diz o compositor. (BM)