Exposição

A anonimidade constante de paisagens e cenários

Redação O Tempo

Por DANIEL OLIVEIRA
Publicado em 01 de abril de 2013 | 19:28
 
 
WENDELL LEAL / DIVULGAÇÃO

Wendell Leal conheceu Samir Lucas quando foi seu aluno de pintura no curso do Centro de Extensão da Escola de Belas Artes em 2011. Inspirado pelo estilo figurativo do professor, ele começou a reproduzir em tela algumas fotografias pessoais e insistiu com Lucas na ideia de fazerem uma exposição juntos.

O resultado pode ser conferido a partir de hoje na galeria de arte da Biblioteca Estadual Luiz Bessa, na praça da Liberdade, na exposição "Transitório e Permanente". O período de visitação vai até o dia 30 próximo. "Ele tem uma trajetória muito consistente nas pinturas figurativas acabei me inspirando nisso", confessa Leal.

Composição.Nas pinturas do funcionário público de 39 anos, pessoas anônimas aparecem de costas em enquadramentos geométricos com cores frias, resultantes de um olhar mais interessado na paisagem e na arquitetura do recorte. As fotos que inspiraram as oito telas expostas foram tiradas em Nova York e Belo Horizonte.

Já as obras de Samir tiveram um ponto de partida bem diferente. O pintor de 30 anos, graduado em artes plásticas pela Escola de Belas Artes, decidiu retirar personagens e diálogos dos quadrinhos da "Turma da Mónica". O resultado é um olhar frio e analítico sobre o pano de fundo, as cores pastéis e os cenários da cinquentenária obra de Maurício de Souza.

"Foi um trabalho de rasgar recortar e maquiar", explica Lucas. Para retirar os elementos, ele usou manipulação digital, escaneando as páginas, mas também rasgou e usou aquarela para pintar em alguns casos. "Percebi que a paisagem ia criando uma tensão maior que estava desaparecida ali", analisa.

Samir admite que nunca foi um grande fã de HQs e que as revistas que ele possuía em casa eram da sua infância. Ele chama o trabalho de recuperação e reimaginação desse acervo pessoal, tanto dele quanto de Wendell, de "arqueologia doméstica". E em termos técnicos, para Lucas, "ele tirou e mudou as paisagens das fotos da mesma forma que eu".

Segundo os dois artistas, os dois projetos se complementam na questão do vazio e do transitório da anonimidade do cotidiano em contraponto às paisagens que permanecem.