Festival

A Mantiqueira e os eruditos 

Instrumentistas estrangeiros participam de projeto que ajuda jovens a melhorar de vida através da música clássica

Por Lygia Calil
Publicado em 29 de dezembro de 2014 | 04:00
 
 
Diretora. A violista Jennifer Stumm selecionou 24 jovens para receberem aulas de grandes mestres ilumina festival/divulgação

O incrível cenário das montanhas do Sul de Minas, na serra da Mantiqueira, vai criar o clima para jovens brasileiros entre 17 e 26 anos aprenderem com mestres da música erudita internacional.

A partir de sexta-feira (dia 2) até o dia 8 de janeiro, 24 estudantes passarão por uma imersão em Sapucaí-Mirim para se prepararem em três concertos nas cidades paulistas de São Bento do Sapucaí e Campos do Jordão. Eles são egressos de projetos sociais que ensinam instrumentos clássicos a jovens carentes em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O Ilumina Festival é iniciativa da violista norte-americana Jennifer Stumm, que além de se apresentar mundo afora como solista e ainda presidir a cadeira de Viola Internacional no Royal College of Music, em Londres, faz do ensino de música erudita um agente de transformação social.

Pessoalmente, ela selecionou os estudantes. Só entraram aqueles que ela considerou “que têm um real potencial para alcançar o mais alto nível da música clássica”, nas palavras da instrumentista. “Todos eles são pessoas muito especiais, que têm mostrado uma dedicação extraordinária em suas vidas”, diz ela.

Para ensiná-los, ela convidou cinco dos melhores instrumentistas profissionais que atuam na música clássica mundial: as violinistas Alexandra Soumm (Rússia) e Esther Hoppe (Suíça), o contrabaixista Joseph Conyers (Estados Unidos), violoncelista Giovanni Gnocchi (Itália) e o pianista brasileiro de origem romena Cristian Budu.

“Procurei músicos que fossem os melhores no mundo no que fazem, que pudessem tornar a experiência melhor. Também queria que fossem excepcionais mentores aos jovens músicos, com um espírito generoso”, afirmou a violista.

A rotina de ensaios, já adianta ela, será puxada. Semelhante à preparação profissional para os mas importantes concertos mundo afora. Além de praticarem as peças a serem apresentadas, os jovens passarão por “master classes”, em que tocarão para os profissionais e serão aconselhados por eles.

Jennifer vem se apresentando no Brasil há quatro anos, e há dois atua como professora visitante da Escola de Música Estadual de São Paulo. Sobre sua relação com o Brasil, ela se derrama em elogios. “Amo o país. Os brasileiros acham que a música nacional é como uma extensão delas mesmas. Acredito que isso permeia também a performance e a composição clássica”, afirma.

Para ela, além de agir como uma formação mais completa dos estudantes como pessoas, a música é importante para a transformação social. “Eu não acho que eu vou transformar vidas, mas a experiência de fazer uma música incrível certamente pode fazer isso. Em alto nível, o talento musical serve como um excelente trampolim para uma vida melhor. Queremos que cada um dos nossos jovens participantes deem o seu melhor para serem recompensados com vidas mais confortáveis”, diz ela.