Música

Amizade refletida nos palcos 

Afeto, músicas clássicas e inéditas guiam show de Zélia Duncan e Zeca Baleiro hoje e amanhã no Cine Theatro Brasil

Por Vinícius Lacerda
Publicado em 21 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
Encontro. Juntos, cantores apresentam faixas que compuseram juntos durante ensaios, como “Fox Baiano” e “Escancarado” Alexandre Moreira

 

A primeira vez que Zélia Duncan escutou Zeca Baleiro cantar foi no rádio. Ela lembra que apesar de a música ser uma parceria entre o cantor e Gal Costa, foi a sonoridade do maranhense que chamou sua atenção. “Nunca mais parei de querer ouvi-lo”, diz Zélia.

Não só não parou, como eles se tornaram parceiros. Em 2014, essa proximidade ganhou contornos com a intimista turnê que, depois de passar por diversas cidades brasileira no decorrer do ano, chega a Belo Horizonte, hoje e amanhã, no Cine Theatro Brasil Vallourec.

“O show com Zeca é fruto de um projeto para o qual nos chamaram e que não vingou, porém continuamos a regar essa ideia e a assistimos crescer bem devagar. Tenho imensa admiração por ele, que já era meu parceiro e com quem cantei algumas vezes. E com a afinidade já constatada, nos deu vontade de ir além e estamos indo”, conta Zélia.

Para Baleiro, dividir o palco com a cantora é uma forma de mostrar para o público a química existente entre os dois. “Zélia é uma pessoa muito querida, muito ética, leve, fácil de se relacionar. Além de tudo, é uma cantora impressionante e tem canções incríveis no currículo, algumas já clássicos da nossa época. Temos muitas afinidades, tanto pessoais como estéticas”, conta.

Elogios à parte, o show é uma mostra da versatilidade da dupla que canta hits, canções de outros artistas além de inéditas assinadas pela dupla. Tudo isso, em um cenário ermo, onde cada um segura seu próprio violão, com microfones posicionados à frente e uma mesinha de suporte ao lado. Sentados, eles fazem aquilo que melhor sabem fazer juntos: cantar. “O repertório foi desenvolvido sem muitos planos. Fomos ensaiando, testando coisas, até chegarmos no ponto para o show. Desde então, as músicas apresentadas mudaram algumas vezes, mas pouco”, diz Baleiro.

Repertório. Foi durante os ensaios que surgiram as novas canções: “Museu Íntimo”, “Fox Baiano” e “Escancarado”. Compostas pela dupla, a tríade também conta com o dedo de outros compositores, como o letrista dos Novos Baianos Luiz Galvão. “Tem sido um exercício muito prazeroso, já temos uns oito esboços de canções na gaveta”, adianta o cantor.

Zélia, por sua vez, não se surpreende que os constantes encontros com o parceiros tenham como consequência o nascimento de novas obras. “A alegria de encontros sempre geram frutos. Como também somos autores e adoramos cantar, acho que é um caminho natural”, diz ela.

Como o show é baseado no afeto, não é surpresa que clássicos dos dois artistas estejam presentes no repertório. Afinal, é comum que canções muito importantes da carreira de músicos tornem-se parte da memória afetiva deles.

No caso de Baleiro, há muitas músicas encaixam-se nesse contexto e, assim, são sempre requisitadas pelo público. Algo que o cantor leva com muita naturalidade. “Algumas músicas não posso (nem devo) deixar de fora dos meus shows. ‘Telegrama’ é uma delas. O mais engraçado é que era para ela ser um lado B do disco ‘PetShopMundoCão’, mas virou o que virou”, comenta.

Zélia, por sua vez, é grata às canções de que lhe renderam visibilidade nacional. O melhor exemplo é, com certeza, a música “Catedral”, lançada em 1994 e integrante da trilha sonora da novela “A Próxima Vítima”. “Sempre a canto com prazer, sempre. Adoro ver como a emoção do público se renova (quando estou cantando), aí a minha se renova junto”, comenta.

Ainda assim, apesar de ter sido apresentada nessa turnê, não é certo que “Catedral” esteja no repertório em Belo Horizonte. “Ela não está oficialmente no show. Esse não é um show de sucessos, embora eles apareçam. É um show de novidades, de surpresas, e coelhos são tirados das cartolas”, conclui a cantora.

 

Programe-se

O quê. Show Zeca Baleiro e Zélia Duncan. 
Quando. Sábado, às 21h
Onde. Cine Theatro Brasil Vallourec (Rua Carijós, 258, centro)
Quanto. R$ 140 (inteira) R$ 60 (meia). Ingressos podem ser comprados pelo site www.compreingresso.com.br ou no próprio teatro.