Música

Aqueles hits do Supertramp

Roger Hodgson se apresenta neste sábado (25) em BH; no setlist, sucessos da banda inglesa, como ‘The Logical Song’ e ‘Dreamer’

Por Da Redação
Publicado em 25 de março de 2017 | 03:00
 
 
Turnê. Belo Horizonte é a penúltima etapa do giro que Roger Hodgson faz pela América do Sul ROB SHANAHAN/divulgação

RIO DE JANEIRO. Quando era jovem, Roger Hodgson tinha a impressão de que a vida era maravilhosa, um milagre. Oh, ela era bela, mágica. Mas ele, depois de passar 14 anos no Supertramp, na fase áurea (dele e do grupo) e compor clássicos da banda inglesa como “The Logical Song”, “Dreamer”, “Breakfast in America” e “Take the Long Way Home”, partiu para uma carreira solo em 1983 e – raridade no mundo do rock – nunca voltou.

Nunca voltou para o Supertramp – que seguiu em frente sem ele e tampouco obteve o mesmo sucesso –, mas dos estúdios e palcos, inclusive do Brasil, Hodgson jamais saiu. Nesta sábado, ele se apresenta com sua banda no BH Hall, às 22h (até o fechamento desta edição, os ingressos para pista e arquibancada estavam no 4º lote, ao preço de R$ 350, inteira), como parte da extensa turnê “Breakfast in South America”, uma brincadeira com o nome do consagrado disco lançado em 1979.

“Estou em uma temporada muito movimentada, desde o ano passado”, diz ele por telefone, a voz cristalina que marca suas canções intacta. “Fiquei na estrada até dezembro, e agora volto pela América do Sul. Estou feliz por me apresentar em tantas cidades, tenho muita vontade de conhecer e compreender todas. No geral, os sul-americanos são muito abertos, gostam de se manifestar, cantam comigo o show todo”.

A “alma livre” dos latinos leva o papo para um assunto querido de Hodgson, a espiritualidade. “Se eu gostaria de ir a uma festa das religiões afro-brasileiras, para conhecer, sentir a energia, ouvir a música?”, repete ele a pergunta. “Oh, meu Deus, se eu gostaria... O Brasil é muito rico, é fácil ver isso pelas pessoas, de tantas origens. Adoraria explorar a cultura e a espiritualidade daí, acho que vocês têm muito a dar para o mundo. Essa conexão com Deus é especial”.

O show de BH, neste sábado (25), é o penúltimo de um bom passeio pela América do Sul, com dez datas e sete cidades brasileiras. Aos recém-completados 67 anos (nasceu em Portsmouth, na Inglaterra, em 1950, mas vive nos EUA desde os anos 70), Hodgson não tem medo da estrada: depois de uma parada em abril, ele recomeça pela Grã-Bretanha e segue nos palcos, com quase 40 datas já confirmadas até outubro.

“Minha intenção é levar as pessoas em uma jornada”, diz ele. “Quero cantar em todos os países, em todas as cidades. Quero que as pessoas ouçam as músicas com atenção, reajam, quero tocá-las. E não existe nada como a experiência ao vivo. Tenho comigo uma banda espetacular, a melhor em que já estive, e acho que somos capazes de proporcionar essa viagem”.

Um setlist típico de Hodgson – ele garante que há muitas músicas ensaiadas e que tudo sempre pode mudar – tem, de 20 músicas, cerca de 15 do Supertramp, entre standards, como as já citadas, e algumas mais lado B, como “Child of Vision”, “Lord Is it Mine” e “A Soapbox Opera”. “É mais ou menos isso, cerca de dois terços do show são de canções que compus para o Supertramp, sozinho, como as outras, que já fiz quando estava fora da banda”, conta ele, que sempre negou qualquer treta com os ex-companheiros. “São músicas que me acompanham há 30, 40 anos. As pessoas esperam ouvi-las. Enquanto estamos na estrada, usamos a tecnologia para gravar novas canções. Tenho mais de 50 prontas”.

Ele conta que teve um certo trabalho para “recuperar” as músicas, pois só se tornou um artista que grava e faz shows regularmente nos anos 2000. “Estou em turnê há 14 anos”, contabiliza. “No começo, era difícil mostrar às pessoas que aquelas eram as minhas músicas, mas aos poucos acho que construí um público”.