Percurso

As paisagens de Clarissa 

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2015 | 03:00
 
 
A cineasta Clarissa Campolina durante filmagens do longa “Girimunho” Lis Kogan / Divulgacao

Cheia de trechos, rastros e caminhos, o cinema de Clarissa Campolina consegue captar quase um sentimento das paisagens que retrata. Diferente de Marília Rocha, com quem trabalha em várias produções, a abordagem dela se volta muito para o espaço e para os rastros deixados nesses lugares. Também há a falta, ausência, mas começa espacialmente e depois se eleva a algo do universo do sensível. Talvez uma das mais completas profissionais do cinema contemporâneo, além de diretora, é exímia montadora, circula também entre outros circuitos artísticos e trabalha com outros formatos.

É mineira, vive em Belo Horizonte e estudou comunicação social na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Com pós-graduação em artes plásticas pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), transita entre diversos circuitos artísticos e, além de produções próprias, deixou marcas em obras de vários outros cineastas mineiros, principalmente os seus sócios da produtora Teia.

Como montadora, fez carreira e começou ainda na graduação, quando acompanhou todo o processo de montagem do filme “Samba Canção”, de Rafael Conde. Em seguida, montou pela primeira vez um filme, o “Agtux” de Tânia Anaya. Logo depois, foi uma das fundadoras da Teia e teve participação em quase todas as obras da produtora. De montadora, passou a exercer várias outras funções. Estava atrás das câmeras e foi responsável por parte das imagens de “Acácio”, de Marília Rocha, e, inclusive, montou todos os filmes da diretora.

Novos mundos. Clarissa define o cinema como “uma possibilidade de criar novos mundos; encontrar pessoas, personagens, paisagens; inventar novas formas de estar e de produzir; construir novas famílias, parceiros de criação”, diz. Segundo ela, sua obra se relaciona ao encontro com o outro ou com um espaço. “A minha prática está muito ligada a uma nova possibilidade de vida, de estética ou de narrativa; ao momento de uma passagem, de uma transformação”, explica.

Ainda na Teia, começou a transitar também como diretora e teve esse papel em “Notas Flanantes” e “Adormecidos”. Como codiretora, também atuou em outras produções, como “Girimunho” (2011), que divide com o também colega de Teia, Helvécio Marins Jr. Mesmo quando não é autora ou diretora, tem papel relevante na organização dessas produções.

Clarissa também faz parte da produtora Anavilhana, em que divide espaço com a diretora Marília Rocha e a produtora Luana Melgaço, todas vindas da Teia. Seus filmes já passaram em vários países, inclusive em festivais internacionais importantes, como Veneza (2011), Oberhausen (2011), Locarno (2009), Roterdã (2007), Festival Internacional de Documentário de Amsterdã (2011), Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano (2008), além do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (2006). Também já teve trabalhos expostos dentro do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).

Atualmente, Clarissa está em Berlim participando de uma residência artística. Na cidade alemã, participou de um debate no Arsenal – Institute for Film and Vídeo Art e exibiu os filmes “Trecho”, “Odete”, “O Porto” e “Adormecidos”.

Durante essa temporada que passa na Europa, a cineasta está desenvolvendo o roteiro de seu segundo longa-metragem, “Canção ao Longe”. Em paralelo também está finalizando outros dois filmes: “Colisão” e “Indo para Casa”, que dirige ao lado de Luiz Pretti. (BF)