Stepan Nercessian

Ator comenta Funarte, desafios da área cultural e "Saideira"

Redação O Tempo

Por Raphael Vidigal
Publicado em 18 de outubro de 2017 | 03:00
 
 
PROGRAMA. Stepan Nercessian e Antônio Pedro se preparam para receber novos convidados na segunda temporada de “Saideira” CANAL BRASIL/DIVULGAÇÃO

Filiado, desde 2004, ao Partido Popular Socialista (PPS), Stepan Nercessian assumiu a presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte) a convite do então Ministro da Cultura, Roberto Freire, que deixou o cargo em maio deste ano. “Roberto é meu companheiro de política e amizade há mais de 30 anos, ele insistiu e eu aceitei. Depois que ele saiu, eu decidi ficar por uma relação muito maior que a partidária”, sustenta. Atualmente, Nercessian ainda cumpre seu segundo mandato como deputado federal pelo Rio de Janeiro, sendo que, de 2005 a 2010, foi vereador da cidade carioca.

“Não adianta achar que a cultura vai bem se o país todo vai mal, essas coisas andam juntas. A Funarte é uma instituição importantíssima. Nessas horas de crise nós não podemos deixar um barco deste à deriva. Resolvi assumir essa responsabilidade, nem entro no questionamento de governo. Só que este é um momento de dificuldade para o país inteiro e as coisas precisam ficar de pé”, completa o entrevistado.

Distorções. Críticas sucessivas a programas que fomentam a área, são, para o ator, causadas por fatores como desinformação, visibilidade e equívocos. “Da mesma forma que a cultura é responsável pela vanguarda, ela é a primeira vítima do atraso. Tentaram estigmatizar, dizer que artista é vagabundo. Há distorções em todas as áreas, tem um amigo que fala que a Lei Rouanet apanha porque é a única que tem nome”, brinca Nercessian.

Apesar do tom jocoso, há seriedade na afirmação. “Se a lei que abre mão do imposto da farinha de trigo para fazer o pão tivesse nome, talvez as pessoas reagissem da mesma forma, sendo que nestes casos o valor é dez vezes maior que o destinado à cultura”, informa. “Tem gente também que dá porrada para aparecer, sabe que vai estar na mídia”, salienta.

Saideira. Em tempos que são constantemente definidos como de polaridade, Nercessian escolhe uma pauta que acredita ser capaz de unir algumas pontas. “Minha busca e caminho é o da retomada da humanidade. Perdemos o foco no ser humano como personagem principal da vida, quando você ignora isso sempre corre o risco de ser totalitário, repressor, fascista”, alerta.

“Não podemos achar que só existe a intolerância alheia, a nossa tolerância tem que ser não desistir de debater e conversar com quem pensa diferente”, diz.

Bater papo, aliás, é o que Nercessian pretende continuar fazendo na segunda temporada de “Saideira”, uma iniciativa de Hugo Carvana (1937-2014) que ele comanda no Canal Brasil ao lado de Antônio Pedro. “Já começamos a fazer a lista para os convidados da nova temporada”, entrega. “Sugeri que a gente gravasse desta vez no hospital, tomando soro, não sei se aguento de novo dez dias seguidos de gravação, bebendo de verdade e ficando bêbado”, diverte-se o ator. “Nos damos a liberdade de errar ali, é ótimo”, diz.