Erudito

Celebrando a era romântica 

Filarmônica recebe a pianista Anna Malikova e celebra aniversário do compositor brasileiro Alberto Nepomuceno

Por Lucas Buzatti
Publicado em 17 de abril de 2014 | 03:00
 
 
Anna Malikova será a solista do “Concerto nº 4”, de Saint-Saëns Peter Grote

Atenta ao repertório da música clássica brasileira, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais presta uma importante homenagem no concerto que acontece hoje, no Grande Teatro do Palácio das Artes. O programa, que integra a Série Allegro, celebra o legado do compositor cearense Alberto Nepomuceno (1864-1920), que completaria 150 anos em 2014.

Sob a batuta do maestro Marcos Arakaki, os músicos vão interpretar a “Sinfonia em Sol Menor”, que fecha o concerto, composta por Nepomuceno em 1893 e lançada quatro anos depois. Arakaki defende que, mesmo sendo uma das mais importantes obras do século XIX, a sinfonia é bastante acessível. “É a maior sinfonia brasileira do período romântico. Uma obra que respeita a forma, mas é extremamente palatável. Muito fácil e agradável de ouvir”, afirma o maestro.

Marcos Arakaki explica as diferentes etapas da sinfonia, dividida em quatro movimentos – Allegro, Andante Quasi Adagio, Presto e Con Fuocco. “O primeiro movimento é bem sólido, mais formal. O segundo é uma das melodias mais bonitas escritas por Nepomuceno. Muito feliz, lembra bastante Brahms. O terceiro é totalmente beethoveniano, um tema apaixonado. E o último movimento é mais rítmico e alegre. Remete ao maxixe, é bem abrasileirado”.

O maestro lembra que a obra também faz aniversário, completando 120 anos de existência, uma vez que foi composta quando Nepomuceno tinha 30 anos de idade. “É uma coincidência muito feliz, e uma maravilha tocar essa sinfonia. No período romântico, os compositores fizeram poucas obras, mas com uma sofisticação maior, como é o caso de Nepomuceno”, pontua Arakaki, ressaltando que o regente titular e diretor artístico da Filarmônica, Fabio Mechetti, é muito cuidadoso quanto à importância de tocar o repertório erudito brasileiro.

Anna Malikova. O programa de hoje se completa com outras duas composições do período romântico. A primeira é a “Abertura Trágica, op. 81”, do alemão Johannes Brahms (1833-1837). “Essa é uma obra icônica, que dispensa apresentações. É sempre lembrada, tocada em todas as orquestras do mundo”, comenta Marcos Arakaki.

Intensa, dramática e trágica, a obra foi composta em 1880 e se contrapõe a seu par, “Abertura Festival Acadêmico, op. 80”, escrita em agradecimento ao título de Doutor Honoris Causa concedido pela Universidade da Breslávia, que transformou leves canções estudantis.

A segunda composição é o “Concerto para piano nº 4 em dó menor, op. 44”, do francês Camille Saint-Saës (1835-1921), que contará com a solista Anna Malikova. “Essa já é uma obra menos tocada, mas que está bárbara com o toque de piano da Anna Malikova. Ela já havia gravado essa composição, tem uma relação intenção com a obra. É muito bonito. Ficamos felizes de tê-la conosco nesse concerto”, afirma o maestro.

Natural do Uzbequistão, Malikova se formou em Moscou, na Rússia, onde estudou na Escola de Música Central e no Conservatório Tchaikovsky. Além de sua agenda de concertos, a artista já gravou obras importantes de Chopin, Schubert, Liszt, Shostakovich, Prokofieff e Soler. [ *AGENDA* ]


Agenda

O QUÊ. Orquestra Filarmônica de Minas Gerais com Marcos Arakaki (regência) e Anna Malikova (pianista solista)

QUANDO. Hoje, às 20h30

ONDE. Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro, 3236-7400)

QUANTO. Plateia I: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia). Plateia II: R$ 54 (inteira) e R$ 27 (meia). Plateia Inferior: R$ 36 (inteira) e R$ 18 (meia)