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Cinco razões para não perder "Coisa Mais Linda", na Netflix

Série nacional com Maria Casadevall, Mel Lisboa, Fernanda Vasconcellos e Pathy Dejesus tem visual caprichado e enredo interessante

Por Etienne Jacintho
Publicado em 25 de março de 2019 | 16:17
 
 
Maria Casadevall dá a volta por cima em "Coisa Mais Linda", da Netflix Netflix/Divulgação

A Netflix colocou no ar sua nova série nacional "Coisa mais Linda", ambienteda nos anos 60, com Maria Casadevall na pele de Maria Luíza, uma garota da alta sociedade paulistana que vai para o Rio viver sua vida de conto de fadas. Ao lado do marido e do filho, a moça quer chegar no Rio e abrir um restaurante. O marido foi na frente, mas transformou o conto de fadas de Maria Luíza em um pesadelo.

Ao chegar no Rio, Pedro, o marido, a deixa esperando no aeroporto. Ela pega um táxi e chega ao seu palácio, um "buraco", na verdade, como diz o motorista. O espaço do restaurante é horrível, cheio de goteiras e precisando de reforma urgente. Maria Luíza pega seu extrato bancário e cai na real: o marido fugiu com outra mulher e levou junto todo o seu dinheiro e os seus sonhos.

Claro que Maria Luíza tem um ataque de fúria, mas, como é da high-society, ela vai afogar suas mágoas em muitas taças de champanha numa festinha à bordo de um barco de uns amigos da amiga de uma amiga. Enfim, em meio ao luxo, mas com uma perspectiva de futuro nada boa, Maria Luíza tem uma espécie de epifania ao ouvir bossa nova pela primeira vez. 

Com um primeiro episódio primoroso, "Coisa Mais Linda" tem a seu favor muitos elementos. Confira aqui cinco razões para não perder essa nova série nacional da Netflix.

1. "Olha que coisa mais linda/ mais cheia de graça" 

Maria Casadevall e Mel Lisboa já provaram no primeiro episódio que formam uma bela dupla. As duas estão bem em seus papéis e Maria Casadevall traz uma protagonista ingênua que vai ganhando uma pegada feminista, impulsionada por suas novas amigas, mas sem exagerar na transformação.   

Mel Lisboa é Thereza, uma mulher que morou em Paris e teve de aprender a se virar na vida. Jornalista, ela tem um lado independente que encanta Malu e serve de grande inspiração para ela. 

Outras duas mulheres vão ajudar Malu nesta fase de empoderamento: Lígia (Fernanda Vasconcellos), uma socialite amiga de infância; e Adélia (Pathy Dejesus), uma negra que mora no morro, cai no samba e sabe que não pode depender de ninguém para tocar sua vida.

 2. "Rio teu mar/ Praias sem fim/ Rio você foi feito pra mim"

 O Rio de Janeiro dos anos 60, nas lentes de "Coisa Mais Linda", é um deslumbre. Não só as paisagens da cidade, mas as reproduções da época, com figurino, maquiagem, recriações de ocupações de morros e do centro da cidade levam o espectador realmente para uma viagem no tempo.  

Como a série retrata uma época de efervescência cultural, os teatros, as reuniões, as festas são cuidadas de forma rica nos detalhes. Visualmente é uma atração imperdível.

3. "Só danço samba, vai"

A trilha sonora com o ritmo "etéreo", como define a personagem de Maria casadevall, da bossa nova se encaixa perfeitamente com as paisagens, os momentos, o banquinho, o violão. O samba se destaca na festa do morro e abre, tanto para a protagonista quanto para  espectador, um universo rico. 

Como a distribuição de "Coisa Mais Linda" não se restringe ao mercado brasileiro, certamente a atração será recebida com elogios nos países que têm o Brasil como referência na música dos anos 60 e 70.

4. "O samba brasileiro democrata/ Brasileiro na batata é que tem valor"

Entre as séries nacionais já produzidas pela Netflix, “Coisa Mais Linda” tem um enredo que cativa diversos tipos de público. O primeiro episódio tem uma pegada forte no drama, mas já dá indícios do que virá a seguir: muitos momentos divertidos vividos pelo quarteto de amigas. A série vai prender o espectador que gosta de música. O fã de MPB vai identificar nos personagens fictícios algumas semelhanças com figuras importantes do cenário musical da época.   

O tom novelesco de "Coisa Mais Linda" conversa bem com um público que ainda não está tão íntimo deste universo das séries; e o bom ritmo dos episódios agrada àqueles que já têm familiaridade com est tipo de formato.  

5. Pois, a própria dor/ Revelou o caminho do amor/ E a tristeza acabou" 

Quem não adora uma história de superação, de volta por cima? Nesse aspecto, “Coisa Mais Linda” muito se assemelha à série da Amazon “The Marvellous Mrs. Maisel”. Na premiada atração americana, a protagonista também da alta sociedade é abandonada pelo marido aspirante a comediante. Sozinha, depois de uma bebedeira, ela vê saída para sua crise exatamente na área que o ex-marido almeja estar. Em contato com as pessoas certas, Mrs, Maisel domina o microfone nos clubes de stand up.  

A Malu, de Maria Casadevall, é a nossa Mrs. Maisel. Ela também ganha forças após uma bebedeira que a coloca em contato com uma mulher independente, assim como acontece com Mrs. Maisel. Ambas as séries dão voz e força à mulher, em uma época em que o feminismo estava longe de ter uma importância na sociedade. Malu e Mrs. Maisel são mulheres encantadoras e à frente de seu tempo.