Show

Cultura e arte dando voz para a loucura musical

Com a bandeira da luta antimanicomial, Trem Tan Tan apresenta canções autorais

Por Raphael Vidigal
Publicado em 13 de junho de 2019 | 03:00
 
 
Diversidade. Ritmos como rap, hip-hop, soul e samba de breque comparecem no espetáculo do grupo Amazonita Ágata/Divulgação

Quando o francês Philippe Pinel (1745-1826) desacorrentou os loucos em Paris, no início do século XVIII, a intenção do jovem médico era substituir a violência pelo cuidado e pela inclusão no tratamento de transtornos psiquiátricos.

Essa também é a premissa do grupo musical Trem Tan Tan, que se apresenta hoje em Belo Horizonte, empunhando a bandeira da luta antimanicomial. Para o coordenador do projeto, o músico e poeta Babilak Bah, o momento é de receio e preocupação. 

Em fevereiro, o Ministério da Saúde voltou a permitir o uso de eletrochoques para cuidar de doenças mentais, algo que, com a reforma psiquiátrica iniciada no Brasil no fim da década de 70, havia caído em desuso.

“Estamos num tempo de retrocesso político, tendo os direitos mais básicos negados e correndo o risco da volta dos manicômios”, denuncia Babilak, que procura usar das armas que tem para travar esse combate. “Nosso trabalho vem para afirmar a importância da cultura e da arte, dando voz para a loucura”, declara. 

Formada por compositores e instrumentistas com sofrimento psíquico, a iniciativa acumula 17 anos de vida e traz no currículo dois álbuns, “Trem Tan Tan” (2002) e “Sambabilolado” (2008). No roteiro do show, estão canções autorais que passeiam por diversos ritmos. “A ideia é mostrar o potencial criador dessas pessoas”, conclui Babilak. 

Serviço. Show do Trem Tan Tan, nesta quinta (13), às 19h, no Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Gratuito

Ouça uma das músicas gravadas pelo grupo: