Quando o francês Philippe Pinel (1745-1826) desacorrentou os loucos em Paris, no início do século XVIII, a intenção do jovem médico era substituir a violência pelo cuidado e pela inclusão no tratamento de transtornos psiquiátricos.
Essa também é a premissa do grupo musical Trem Tan Tan, que se apresenta hoje em Belo Horizonte, empunhando a bandeira da luta antimanicomial. Para o coordenador do projeto, o músico e poeta Babilak Bah, o momento é de receio e preocupação.
Em fevereiro, o Ministério da Saúde voltou a permitir o uso de eletrochoques para cuidar de doenças mentais, algo que, com a reforma psiquiátrica iniciada no Brasil no fim da década de 70, havia caído em desuso.
“Estamos num tempo de retrocesso político, tendo os direitos mais básicos negados e correndo o risco da volta dos manicômios”, denuncia Babilak, que procura usar das armas que tem para travar esse combate. “Nosso trabalho vem para afirmar a importância da cultura e da arte, dando voz para a loucura”, declara.
Formada por compositores e instrumentistas com sofrimento psíquico, a iniciativa acumula 17 anos de vida e traz no currículo dois álbuns, “Trem Tan Tan” (2002) e “Sambabilolado” (2008). No roteiro do show, estão canções autorais que passeiam por diversos ritmos. “A ideia é mostrar o potencial criador dessas pessoas”, conclui Babilak.
Serviço.
Ouça uma das músicas gravadas pelo grupo: