60 anos

De São Paulo para o mundo 

Orquestra do Estado de São Paulo (Osesp) comemora seis décadas de vida com concerto hoje, no Palácio das Artes

Por LUCAS SIMÕES
Publicado em 21 de agosto de 2014 | 03:00
 
 
Osesp. Ao todo, 155 músicos compõem a orquestra, entre brasileiros, norte-americanos, suíços, etc AlessandraFratus

Em 60 anos, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) se transformou em mais do que um conjunto de 1.115 músicos dos mais respeitados da América Latina. Hoje, a orquestra se expandiu e se transformou em editora de partituras, selo digital e até uma escola de novos talentos. Diante de um currículo expansivo e sob o título de melhor grupo sinfônico do país, a Osesp traz a Belo Horizonte um concerto especial para comemorar de 60 décadas de história, em apresentação única no Grande Teatro do Palácio das Artes, hoje à noite.

O concerto faz parte de um projeto comemorativo da Osesp, que também levou a apresentação ao Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, e agora chega à capital mineira antes de seguir para Porto Alegre e Curitiba.

Com mais de 60 discos gravados e cerca de 600 peças interpretadas em sua história, a escolha do repertório foi baseada em simbolismos. Assim, em cerca de um hora, serão apresentadas sob a regência da norte-americana Marin Alsop as peças “Alvorada”, da ópera “Lo Schiavo”, de Carlos Gomes; “Concerto para Piano em Lá Menor, Op. 16”, de Grieg com participação do pianista russo Dmitry Mayboroda, além da “Sinfonia nº5 em Mi Menor, Op. 64”, de Tchaikovsky.

“É muito difícil resumir a Osesp em um espetáculo. Escolhemos as obras pelo simbolismo que passamos ao público com todo o nosso trabalho. ‘Aurora’, por exemplo, é o toque sonoro da Sala São Paulo, onde nos apresentamos. O Tchaikovsky é o resumo da genialidade clássica, e a peça de Grieg, com a participação do talentoso pianista Dmitry Mayboroda, faz a união de novos talentos com a internacionalização da música. Esses são os pilares que prezamos e praticamos nesse tempo de história”, justifica Arthur Nestrovski, diretor artístico da Osesp desde 2010.

Inaugurada em 13 de setembro de 1954, a Osesp passou por inúmeras fases, desde o começo com casas cheias no Teatro Cultura Artística, até as primeiras apresentações na Europa, e posteriormente a crise financeira que chegou a atrasar pagamentos de músicos, na década de 1990. Naquela época, sob o comando do regente Eleazar de Carvalho, a orquestra passou pela maior reestruturação de sua história. “Em 1999 houve uma mudança geral de músicos, novos locais para tocar, inauguração da Sala São Paulo, que hoje é o reduto da orquestra, além de incremento no orçamento, instrumentos etc. Tudo encabeçado pelo Eleazar”, conta Marcelo Lopes, diretor executivo da Fundação Osesp.

Hoje, a orquestra sobrevive com um orçamento anual de R$ 100 milhões – sendo que 53% são investimentos do Governo de São Paulo e o restante dividido entre patrocinadores e coleta da venda de ingressos. Com o montante, a orquestra consegue ir além dos próprios concertos e investir na formação artística. Além de manter um selo digital, a Fundação Osesp também administra a Editora Criadores do Brasil, voltada para publicações de partituras clássicas, mantém uma Academia de Música com mais de 20 cursos, e encabeça projetos de iniciação musical que atendem a mais de 120 mil crianças em São Paulo.

Para o músico Francisco Formiga, formado em fagote há mais de 30 anos pela Fundação Clóvis Salgado e membro da Osesp desde 1997, a evolução da orquestra fora do palco culmina em apresentações cada vez mais elaboradas. “Hoje estamos entre as dez melhores orquestras do mundo. Isso só está sendo possível porque há uma preocupação em fomentar a música clássica não só realizando mais concertos, mas formando genuinamente novos músicos eruditos”.

PÚBLICO. Além de manter o respeito internacional tendo se apresentado quatro vezes na Europa, a Osesp parece começar a recuperar público, que nos últimos cinco anos havia caído em 10% nas apresentações da orquestra. “Passamos de 416 mil pessoas em 2012 para 472 mil no ano passado. Esse aumento também é fruto de maior repercussão da música clássica, já que investimos nessa formação artística”, completa Arthur Nestrovski.

Agenda

O que. Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp)

Onde. Grande Teatro do Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1.537, centro)

QuandoHoje, às 20h

Quanto. R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada)