Festival

Democracia musical em BH

Conexão BH começa hoje no Parque Municipal trazendo longa lista de atrações culturais vindas de todo o país

Por THIAGO PEREIRA
Publicado em 29 de maio de 2013 | 03:00
 
 
Um dos maiores atrativos do Conexão BH é ocupar o Parque Municipal, no centro da cidade Leo lara/divulgação

Um dos eventos musicais mais interessantes do calendário cultural de Belo Horizonte, o festival Conexão BH começa hoje e ocupa até a semana que vem, diversos espaços da cidade. A mudança mais significativa na edição deste ano é a ausência da marca da empresa de telefonia Vivo como apoiadora maior. Kuru Lima, organizador do evento aponta as diferenças: “Apesar da redução de recursos, a programação está maior que no ano anterior, devido à ampliação da participação dos artistas e dos coletivos da cidade na construção da programação e do projeto. Antes, eram mais artistas com patrocínio, hoje já não são mais a maioria”.


O evento aposta em uma democracia maior, o que gerou abrigo para diversas manifestações culturais da cidade, como os blocos de Carnaval e festas de samba, música eletrônica, dentre outras. Segundo Lima, “grupos e coletivos culturais chegaram ‘hackeando’ o espaço do Conexão. Os próprios movimentos que se dispuseram a participar nos ajudaram a `pagar a conta´. Foi plural, não houve tempo de um edital. Com a limitação de recursos fomos abrindo novos espaços para as pessoas se expressarem. A proposta é revelar as manifestações que acontecem aqui durante o ano. A gente foi dialogar com isso, entendendo que elas são a música da cidade”, justifica o organizador.
Apesar de se espalhar pela cidade em festas e casas de shows, o grosso da programação segue tradicionalmente instalada no Parque Municipal, que recebe mais de 50 atrações nos palcos montados por lá. Dá até para dizer que o local é o único convidado que não pode faltar no festival, tamanha a identificação do evento com ele. “É o coração da cidade, nosso fluxo, o centro de BH. Ele é mais que um cenário, é uma condição para a coisa role da maneira que a gente gostaria”, justifica Kuru Lima.


Felipe D´Angelo, da Bona Fortuna, banda estreante no festival, mostra expectativa: “Depois de todas as mudanças feitas na cidade, estar no parque me faz sentir como se estivesse na Belo Horizonte dos anos 1950, 60. Unir todas essas sensações, com o prazer de tocar para um público tão alternativo e antenado como o do Conexão, é realmente fantástico!”. Tamás Bodolay, baterista do Pequena Morte, concorda: “É um bom lugar para as bandas locais expandirem suas fronteiras para além dos seus habituais nichos”.


Para o público, talvez o maior mérito do Conexão seja reunir, em um mesmo lugar e em um curto espaço de tempo, diversas atrações do mapa musical brasileiro. É uma chance de coletar artistas espalhados por todo o país, muitos oriundos da cena independente, que dificilmente visitam a cidade frequentemente em shows individuais.


Encontros.[ Destaca-se também uma saudável abrangência no que se refere a gêneros e ritmos musicais. Na edição deste ano será possível conferir do hard rock do Tempo Plástico até os acordes mais regionais de Déa Trancoso, passando pelo histórico Ile Ayê baiano e o modernoso Gang do Electro paraense. “Sem segmentação, a ideia é fazer tudo junto e misturado, exercitar a convivência”, explica Lima.


Shabê Furtado, que faz dupla com Dokktor Bhu, faz coro: “Destaco as uniões de artistas com trabalhos díspares entre si, mostrando que música é musica não importa se vem da sanfona, dos toca-discos, da percussão ou da guitarra”.


Para os artistas, existe a possibilidade de fazer parcerias inéditas, e aproveitar a convivência dentro e fora do palco. Leonardo Brandão, da banda baiana Maglore, frisa esse aspecto: “São artistas do Brasil inteiro, até a Julieta Venegas vinda do México. Nós convidamos o Wado, de Alagoas, para o show. Somos muito fãs dele. É muito importante essa troca toda, nos bastidores ainda rola uma conversa, acabamos conhecendo mais pessoas”.


A lógica dos encontros não segue um padrão, segundo o organizador. “Conversamos com artistas e pensamos nas possibilidades. Há desde a admiração artística até o desejo de construir uma relação de trabalho, ou revelar e posicionar novos artistas”, explica Lima. É o caso do veterano Maurício Pereira, que convida o novíssimo grupo O Terno, por exemplo.


“O Conexão é o porto anual da música contemporânea brasileira. Ponto de encontro de gerações e estilos musicais que promovem a difusão e reflexão da cadeia produtiva da musica atual”, resume André Miglio, do Falcatrua.


Agenda

O QUÊ. Festival Conexão BH
QUANDO.De hoje até o dia 02 de junho, Parque Municipal Américo Renné Giannetti ( av. Afonso Pena, centro)
QUANTO. 15R$(meia) e 30R$ (inteira)

Atrações de hoje

Móveis Coloniais de Acaju (DF)
Garbo convida Kicila, Julio Curi (MG) e Carlos Malta (RJ)
Falcatrua convida Pedro Morais (MG)
Fusile (MG) convida Gabriel Thomaz do Autoramas (RJ)
Do Amor convida Domenico (RJ)
Palco Rede: Cidade
Hip Hop convida
Zeloty (MG), Julgamento (MG), African B. Boy (MG) e Bona Fortuna (MG)
Cortejo: Bateria Imperador (MG)

Confira a programação completa em www.facebook.com/conexoeslivres