Quartas Italianas

Enredos entre o sentido de nação e o romance popular 

Especialista em música, Clarissa Sudano faz palestra sobre obra e vida de Giuseppe Verdi

Por Joyce Athiê
Publicado em 02 de dezembro de 2015 | 04:00
 
 
Giuseppe Verdi em quadro do pintor italiano Giovanni Boldini Giovanni Boldini/National Gallery of Modern Art

Para explicar a popularidade do italiano Giuseppe Verdi, a professora de música Clarissa Sudano cita a apresentação de “Nabuco”, no Teatro da Ópera, em Roma, em 2011. “O regente, Riccardo Muti, finaliza a apresentação e escuta da plateia alguém gritando ‘Viva a Itália’. Ele, então, resolve fazer um bis de um trecho da ópera, mas, agora, de costas para a orquestra e para o coro, enquanto ele rege a plateia que sabe toda a letra da composição”, explica a professora.

Finalizando o ciclo de palestras do Quartas Italianas, Clarissa irá falar sobre a história de vida do compositor e localizar suas fases de produção, em especial, as óperas. Com entrada gratuita, o debate será realizado às 19h30, na Casa Fiat de Cultura.

O viés político das óperas de Verdi marca o primeiro momento de sua produção, exatamente quando a Itália buscava a unificação do país. Em “Nabuco”, por exemplo, ele conta história dos judeus sob comando de um imperador da Babilônia, o que remete à crítica da dominação dos povos. “No caso dos italianos, eles irão refletir sobre a presença austríaca no país, e Verdi vai ascender um sentimento nacional por meio da sua música”, aponta Clarissa.

Inscrito no século XIX, Verdi vai se tornar um dos cinco mestres da ópera italiana pelos temas que propõe, pela técnica que valoriza e pela uso do italiano, em uma época em que a Itália convivia com inúmeros dialetos.

Além do sentido de nação, o compositor conquistou maior popularidade quando foi cantar histórias de amor, deixando sua obra se encantar por um lado mais romântico. Foi nessa que ele criou a trilogia popular: “Risoletto”, “El Trovatore” e “La Traviata”.

“Acho que a maior conquista de Verdi é traduzir em música todos esses temas. Os compositores antes dele trabalhavam com a virtuose do bel canto. Os cantores atingiam notas muito agudas e davam conta de frases longas. A técnica era o brilho da ópera. E a questão de Verdi vai além da técnica. O trabalho dele está associado ao enredo, em uma obra que é acessível e facilmente cantarolada pelo público, mas que, ainda assim, não perde sua complexidade”, aponta Clarissa.

Agenda

O quê. Quando. Palestra “Giuseppe Verdi: l’Opera Lirica”, com Clarissa SudanoHoje, às 19h30

Onde. Espaço Multiuso da Casa Fiat de Cultura (praça da Liberdade, 10, Funcionários)

Quanto. Entrada gratuita