Fotografia

História contada a seis mãos 

Gabriel Rocha, Marcelo Prates e Marcelo Xavier lançam livro com registro poético do famoso Grande Hotel de Araxá

Por gustavo rocha
Publicado em 17 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
Detalhe.Ensaio fotográfico revela olhares sobre a arquitetura que podem passar desapercebidos MARCELO PRATES DIVULGAÇÃO

Estar hospedado no Grande Hotel de Araxá era um grande sinal de status, nos anos 40, 50 e 60. O local reunia a nata política e intelectual da época, a ponto de Pelé e a seleção brasileira terem se hospedado lá antes da conquista de nossa primeira Copa do Mundo, em 1958.

Concebido com um espaço suntuoso e refinado, o Grande Hotel completa 70 anos em 2014 e ganha mais uma homenagem à sua história e, principalmente, à sua arquitetura, com o livro “Grande Hotel de Araxá – Eterna Fonte da Beleza e da Memória”, que será lançado hoje, na Academia Mineira de Letras.

A obra é assinada pelo escritor Gabriel Rocha, o fotógrafo Marcelo Prates e o artista gráfico Marcelo Xavier. “O registro é fotográfico, de detalhes do hotel que muitas vezes escapam aos olhos dos frequentadores de lá”, pontua Gabriel.

“As minhas intervenções são mais no intuito de alinhavar aquilo que as imagens e o projeto gráfico dizem. Não tinha intenção de fazer um livro histórico do hotel, até porque com a comemoração desses 70 anos, o próprio hotel já produziu esse registro, completa o escritor.

O processo de construção do livro, a seis mãos, começa com as sessões de fotos de Prates. As quase 4.000 fotos chegam em alta definição para Xavier, que dá a elas um tratamento e, muitas vezes, recorta e escolhe ângulos que lhe interessam. Tudo isso é colocado num grande rascunho, uma “boneca” do livro que chega às mãos de Gabriel. “Eu recebi o livro quase pronto. Daí, eu tenho uma ideia do que devo escrever e me inspiro no trabalho dos meus parceiros”, revela.

Seguindo a ideia de “deixar as imagens falarem por si”, Gabriel diz que seu trabalho seria como um grande poema, que poderia ser lido independentemente das imagens. “Eu fiz poesia com aquilo que vi. Um cômodo de convivência comum, eu chamei de praça, a borda amarronzada de um corredor com cores marrons, eu disse que era um transbordamento das margens de um rio. O Grande Hotel é um lugar muito inspirador porque tem também as termas, aquela natureza exuberante ao seu redor”, exalta o escritor.

Outros trabalhos. O trio responsável por “Grande Hotel Araxá” já havia produzido outro livro nos mesmos moldes, com cada um desempenhando sua função. “Palácio da Liberdade – Arte e Beleza no Espaço Público”, mostra os detalhes, a beleza e a arquitetura do palácio que sediou o governo do Estado até sua ida para a Cidade Administrativa. A obra foi publicada em 2013. “Nesse livro, eu me vi na obrigação de ser mais histórico e menos lírico. Havia ali, no palácio, uma história que precisava ser contada. Esse desejo de quebrar a tradição da arquitetura barroca, um sentido positivista muito forte”, comenta Gabriel.

“Nosso trabalho pensa em olhar o patrimônio sob a mensagem estética. Apesar de ser construído como uma casa de convivência política, existia essa preocupação de poder ostentar a beleza. A gente vê isso pelos prédios mais antigos. Claro que hoje esse cenário mudou um pouco, tem essa questão da gestão do dinheiro público, da sustentabilidade. É quase inconcebível, uma administração encomendar uma escada da Bélgica, como aconteceu no Palácio da Liberdade, é caríssimo! Mas tem um lado positivo: vira um patrimônio da cidade”, finaliza o escritor.

Agenda

O quê. Lançamento de “Grande Hotel Araxá – Eterna Fonte da Beleza e da Memória”

Quando. Hoje, às 19h

Onde. Academia Mineira de Letras (rua da Bahia, 1.466, centro)

Quanto. Entrada franca