Música

Matriz Solidária é canal para bandas novas se revelarem 

Redação O Tempo

Por Carlos Andrei Siquara
Publicado em 20 de dezembro de 2014 | 04:00
 
 
Dead Pixiels é uma das atrações do evento que acontece domingo Claudao Pilha

O músico Renato Facada, integrante do Dead Pixiels, junto com Claudão Pilha, Maurinho e Vinikoz, sublinha uma característica que acompanha toda a trajetória do Matriz e é reforçada a cada nova edição do Matriz Solidária: “A abertura de espaço para a turma nova que está começando é a principal delas. Para quem está no início, querendo defender um projeto autoral é raro encontrar esse tipo de apoio, e eles fazem isso há bastante tempo”, diz o guitarrista, referindo-se ao proprietários da casa, Edmundo Correa e Andréa Diniz.

Programado para acontecer amanhã, com o show de 15 bandas mineiras, o evento está em sua 13ª edição e vem acontecendo de maneira ininterrupta desde 2002. Acompanha, assim, a longevidade da casa que em 2015 vai completar 15 anos e é uma das mais antigas de Belo Horizonte especializada em atender os artistas do cenário alternativo.

Edmundo diz que para celebrar essa trajetória, eles vêm desenhando um conjunto de ações. Uma delas será dois meses de programação com entrada a apenas R$ 5. “Estamos pensando também em fechar a rua Olegário Maciel em um domingo, organizando um dia inteiro de shows”, acrescenta ele.

Embora a data ainda não esteja confirmada, Edmundo afirma que o festival deve acontecer provavelmente em agosto. As atrações vão ser grande parte das bandas que circulam por ali, algumas com menos estrada que outras. Para fechar o desenho do que apresentará ao público, ele conta com a ajuda de coletivos artísticos e de bandas, responsáveis por sugerir projetos a serem avaliados pelo dono do clube.

“Nós conversamos com esses parceiros, que são pessoas com quem já nos relacionamos ao longo do ano. Cada um, neste momento, está escrevendo o seu projeto e a ideia é que seja contemplado uma diversidade de estilos”, sintetiza ele.

Eclético. A grande variedade de gêneros é outra peculiaridade do Matriz, que figura como um lugar onde é possível se ouvir praticamente de tudo, de MPB em geral, aos vários segmentos do rock e do pop internacional. Edmundo conta que isso é reflexo do seu próprio gosto, resumidamente eclético. “Eu ouço de tudo, de Orlando Silva a Madonna”, ri.

Além desses dois ícones, ele revela grande apreço pela música latino-americana e pelos artistas da música negra. “O que me cativa muito também são as bandas do movimento pós-punk, como Joy Division e The Cure. Da MPB, eu curto bastante a vanguarda paulistana, caras, como Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção”, aponta.

Andréa também compartilha interesse semelhante. “Eu escuto de tudo. Ainda mais trabalhando no Matriz, acho que é legal isso. Eu curto desde música brasileira a uma banda de punk rock. Mas uma paixão que tenho é ouvir os vinis de Edmundo”, relata ela.

Se antes de abrir o espaço que ajudou a fundar, ela curtia especialmente o samba e os trabalhos de artistas brasileiros, logo que começou a cuidar também da programação da casa, Andreá nota ter ampliado o seu conhecimento musical e tomou para si algumas responsabilidades. Uma delas foi organizar o festival de bandas femininas, que atualmente é tocado por Isabela Lomberdi, do Rocketwist.

“Eu acho que tem havido um retorno dessas bandas de meninas e isso é algo muito legal porque traz consigo uma percepção sobre o papel da mulher na sociedade. No próximo ano, inclusive, nós vamos fazer uma programação especial no Dia da Mulher. A ideia é discutir algumas coisas porque enquanto houver violência contra a mulher não há o que comemorar”, conclui.