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MV Bill surgiu com o polêmico Soldado do Morro

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2008 | 16:50
 
 

Se para Ice Band a realidade que o cerca é o substrato das músicas que faz, o mesmo pode ser dito em relação a MV Bill – nome artístico de Alex Pereira Barbosa. Tanto é assim que seu trabalho começou a reverberar nacionalmente a partir do clipe da música “Soldado do Morro”, que, extraído de seu primeiro disco, “Traficando Informação”, mostrava de forma crua e direta a realidade do tráfico, a ponto de lhe render acusações de apologia ao crime e quase ter sua veiculação proibida.

Nascido na Cidade de Deus, onde foi filmado “Soldado do Morro”, MV Bill conquistou seu primeiro registro fonográfico quando ainda integrava um grupo que teve uma faixa incluída na coletânea “Tiro Inicial”, de 1993, que revelou novos talentos do rap brasileiro, como Gabriel O Pensador. Antes de se decidir pelo hip hop, ele chegou a cantar um samba-enredo composto por seu pai na quadra de uma escola de samba. Nisso, é possível traçar um paralelo com Ice Band, que, antes de abraçar o rap, também costumava frequentar rodas de samba com a turma com que jogava futebol no Aglomerado da Serra.

O primeiro vôo solo de MV Bill foi o disco “CDD Mandando Fechado”, lançado pelo selo independente Zâmbia no início de 1998 e relançado naquele mesmo ano pela gravadora Natasha com o nome “Traficando Informação”. O álbum repercutiu a ponto de, no ano seguinte, o rapper ser escalado para a programação do Free Jazz Festival – evento que, até então, não tinha nenhuma tradição com artistas do cenário hip hop brasileiro. Em 2001, passada a polêmica sobre “Soldado do Morro”, o clipe foi eleito o melhor no “Video Music Brasil”, da MTV.

Segundo disco

No ano seguinte, Bill lançou seu segundo disco, “Declaração de Guerra”, e, paralelamente aos trabalhos de divulgação do CD, começou a escrever, juntamente com Luiz Eduardo Soares, ex-secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, e com Celso Athayde, seu produtor, com quem fundou a Central Única das Favelas (Cufa), o livro “Cabeça de Porco”, que, lançado em 2005, traz as vivências, experiências e reflexões dos autores acerca da violência e da exclusão social no país. Ao mesmo tempo, Bill e Athayde conduziam uma pesquisa sobre o impacto do tráfico de drogas em diferentes cidades do país.

Essa pesquisa, que totalizou oito anos de viagens e entrevistas, gerou um documentário, intitulado “Falcão – Meninos do Tráfico”, que focalizava 17 menores envolvidos com o crime em favelas de diferentes cidades do Brasil (apenas um deles ainda está vivo) e que chegou a ser exibido na íntegra no “Fantástico”, da Rede Globo.

A partir do mesmo mote, o rapper lançou seu terceiro disco, “Falcão, o Bagulho É Doido”, e, com Athayde, um segundo livro, homônimo ao documentário, ambos em 2006. O vasto material coletado com a investigação que empreenderam sobre o universo do tráfico serviu, ainda, para que escrevessem o livro “Falcão - Mulheres e o Tráfico”, recémlançado. (DB)