Reflexos

Na dinâmica da cultura da internet 

Frequentemente utilizado para explicar as relações construídas no universo digital, o conceito de convergência também é relevante para se entender o funcionamento dessas estruturas ficcionais

Por Carlos Andrei Siquara
Publicado em 30 de novembro de 2014 | 04:00
 
 

Ismael Caneppele, escritor, ator e dramaturgo, prestes a lançar em 2015 o novo romance “A Baleia”, que sai paralelamente à filmagem do filme de mesmo nome com roteiro escrito por ele, relaciona a dinâmica das narrativas expandidas ao desenvolvimento da internet.


Para ele, há uma revolução na maneira como as pessoas podem criar no presente, em razão das facilidades tecnológicas, e isso, ao seu ver, influencia bastante o modo como as criações transitam por fronteiras e linguagens.

“Acho que há um nova geração que não tem medo da tecnologia e está criando, especialmente, a partir da experimentação. Ou seja, com a facilidade de produzir um vídeo, publicar um texto ou gravar um áudio, as pessoas podem não fazer um curso e mesmo assim conseguem produzir coisas interessantes. Há outro tipo de olhar”, observa Canepelle.

Frequentemente utilizado para explicar as relações construídas no universo digital, o conceito de convergência também é relevante para se entender o funcionamento dessas estruturas ficcionais. A estudiosa Camila Figueiredo, que pesquisa as conexões entre literatura e outras mídias, ressalta inclusive o livro “Cultura da Convergência”, de Henri Jenkins, como uma obra muito importante nesse contexto.

“Nele, Jenkins comenta sobre as narrativas transmídia e coloca em questão justamente a mudança dos profissionais. Ele lembra o relato de um roteirista que comparava seu trabalho antes com o de agora, no presente. Se antes, era necessário apenas uma boa história para se ter cinema de verdade, com as sequências foi necessário focar especialmente no personagem, porque ele aguentaria muitas histórias. Agora é importante pensar na criação de mundos, pois isso suporta a existência de vários personagens e histórias em diversas mídias”, conclui Camila.