O multifacetado Valença 

Satisfeito com a boa recepção do seu primeiro longa-metragem “A Luneta do Tempo”, que conquistou dois Kikitos (melhor trilha musical e melhor direção de arte) no Festival de Gramado, Alceu Valença chega a Belo Horizonte cheio de ânimo. Aqui ele se apresenta hoje no Grande Teatro do Sesc Palladium, a convite do projeto Mesa Brasil Musical, e participa de sessão de autógrafos do CD/DVD “Valencianas”, amanhã, às 19h, na livraria Leitura do BH Shopping.

Com um novo trabalho na bagagem “Amigo da Arte”, o qual lançou em fevereiro deste ano, ele diz trazer para a capital mineira um show que deve elevar o tom comemorativo do atual momento, ao perpassar algumas das mais famosas canções de sua carreira. “Vou apresentar sucessos de minha autoria, como ‘Tropicana’, ‘Anunciação’, ‘Belle de Jour’, ‘Táxi Lunar’, ‘Pelas Ruas Que Andei’, ‘Como Dois Animais’ e ‘Embolada do Tempo’”, detalha Alceu Valença.

Haverá também espaço para tocar canções de outros compositores que admira, a exemplo de Luiz Gonzaga. “Dele devo recordar ‘Sabiá’, ‘Baião’, ‘Vem Morena’, ‘Xote das Meninas’ e vou mostrar uma nova e pulsante versão para ‘Pagode Russo’, que tem sido um dos pontos altos da minha recente turnê nordestina”, acrescenta ele.

Experiência. Enquanto segue nos palcos, Valença permanece colhendo os frutos do musical “A Luneta do Tempo”, que lhe tomou mais de uma década de dedicação. Todo esse percurso até levar a obra às mostras de cinema, ao seu ver, recompensou o longo tempo investido. Valença ressalta que adorou a experiência, mas, por enquanto, não sabe quando vai repeti-la. Agora ele diz que se prepara para exibir o filme em outros festivais do país.

“Estou feliz com a repercussão que ‘A Luneta do Tempo’ teve em Gramado e estamos nos preparando para visitar o Festival do Rio, no fim deste mês. Esperamos entrar em outros festivais, no Brasil e no exterior, antes de lançar o filme em circuito, o que deve acontecer no inicio do próximo ano”, afirma o músico.

Ele comenta que dentre as qualidades de produzir seu primeiro trabalho cinematográfico, a mais significativa talvez seja a possibilidade de revisitar os repertórios da cultura nordestina.

“A experiência com a Luneta me permitiu transcender no tempo, retomar um mergulho profundo nas minhas raízes. Pude ressignificar o mito de Lampião e Maria Bonita, através do sonho, da arte, da poesia e do cinema, naturalmente. Quando me dedico a alguma coisa, entro de corpo e alma, vivo aquilo intensa e obsessivamente. Foi assim com a ‘Luneta’”, relata Valença que aprofundou seus conhecimentos sobre o cinema.

“Isso aconteceu desde que iniciei as primeiras linhas do roteiro, ainda como um grande poema de cordel, passando pelo momento em que decidi aprender roteiro, fotografia, montagem, direção, até a hora de realizar o filme em si e trabalhar na oportunidade de lançá-lo”, conta o artista.

Em razão do CD/DVD “Valencianas”, que nasce de sua parceria com a Orquestra Ouro Preto, iniciada há quatro anos, mais trabalho deve vir por aí. Valença antecipa que vem sendo desenhada uma série de novos concertos e viagens para o exterior. “Acabamos de lançar o DVD, faremos novas apresentações certamente, mas ainda não temos datas definidas. No inicio de 2015, devemos lançar o DVD em Portugal, com cinco apresentações no país”, frisa.

“Esse é um projeto que me agrada muito, alicerçado pela sensibilidade do maestro Rodrigo Toffolo e do arranjador Mateus Freire. Se Villa-Lobos fez as Bachianas, eu me sinto à vontade para fazer as ‘Valencianas’!”, celebra ele.

Agenda

O quê. Show de Alceu Valença

Quando. Hoje, às 21h

Onde. Grande Teatro do Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420, centro)

Quanto. Ingressos esgotados

Saiba mais

Alceu Valença toca em BH integrando uma das ações do programa Mesa Brasil Sesc. Os ingressos são gratuitos, mas o público interessado em curtir o show do músico doa um 1kg de alimento não perecível. Dessa forma, o projeto abastece uma rede nacional que contribui para a luta contra a fome.