Música

‘Operárias viraram patroas’

Marília Mendonça, Wanessa Camargo e a dupla Maiara & Maraísa fazem show neste sábado (25) na esplanada do Mineirão

Por Laura Maria
Publicado em 24 de março de 2017 | 03:00
 
 
Marília Mendonça rebate internauta que a acusou de usar photoshop Work Show/ Divulgação

Se por muitos anos o território da música sertaneja foi essencialmente dominado pelos homens, de dois anos para cá esse cenário tem-se transformado consideravelmente. É só observar, por exemplo, a agenda de Marília Mendonça, que tem feito em média um show a cada dois dias neste mês. Ou o canal do YouTube de Maiara & Maraísa, em que o vídeo de “10%” alcançou mais de 300 milhões de visualizações.

Não há dúvida de que as mulheres dominaram de vez o mainstream sertanejo, e o resultado disso reflete-se em apresentações como a que será realizada neste sábado (25) na esplanada do Mineirão. Marília Mendonça, a dupla Maiara & Maraísa e Wanessa Camargo, que desde o lançamento do álbum “33” (2016) tem-se aventurado no estilo, comandam a Festa das Patroas.

“A Festa das Patroas é uma ideia nossa desde cedo. Nós éramos de escritórios diferentes, então não podíamos nos apresentar juntas. Mas sempre fazíamos coisas juntas. Brincávamos que o que fazíamos era coisa de operária. Trabalhávamos, escrevíamos as músicas, mas ninguém via nossa cara (risos). Agora somos do mesmo escritório, e já sabiam da nossa parceria, e o projeto de fazer show juntas deu certo. As operárias viraram patroas (risos)”, comenta Marília.

Mas antes de Marília e Maiara & Maraísa estourarem, suas músicas já eram conhecidas nas vozes de outros artistas. A primeira assinou o hit “É com Ela que Eu Estou”, interpretado por Cristiano Araújo. Já Maiara & Maraísa escreveram “Caso Indefinido”, também sucesso na voz de Araújo. É a essa recorrência, aliás, que a dupla atribuiu o sucesso das canções.

“O fato de termos tantas músicas gravadas por grandes nomes do gênero, todos homens, fez com que despertássemos a curiosidade das pessoas de saber quem eram as donas daquelas letras. Assim conseguimos ir mostrando aos poucos que, além de escrever, nós cantávamos”, comenta Maraísa.

Já para Marília, a escolha de escrever músicas antes de se apresentar foi uma estratégia comercial. “Queria muito cantar, mas meu empresário me preparou para o mercado. Ele me deixou no escritório acompanhando os artistas que me gravavam”, diz a cantora e compositora.

Espaço. No início da carreira, Maiara & Maraísa tiveram que enfrentar preconceito de gênero. Cansadas de ouvir que sertanejo não era para mulher, em 2005 elas adotaram o nome Geminis e começaram a se apresentar como cantoras pop. Depois de mais de dez anos, porém, elas acreditam que muita coisa mudou e que, na música sertaneja, não há mais separação entre homens e mulheres.

“O que vemos é o mercado e o público dando oportunidade para mostrarmos que também somos capazes de subir em um grande palco”, comenta Maraísa. Marília concorda. “Eu me sinto inserida nessa evolução da música sertaneja ao mostrar que sou capaz de cantar e arrastar público que antes só os homens arrastavam”. Wanessa, por sua vez, diz sentir-se honrada ao cantar ao lado delas. “A música sertaneja está bem representada. Estou orgulhosa por fazer parte das patroas”.

 

Agenda

O quê. Festa das Patroas

Quando.  Neste sábado (25), a partir das 16h

Onde. Esplanada do Mineirão (Av. Antônio Abrahão Caram, 1.001, Pampulha)

Quanto. R$ 60 a R$ 210


Nas redes sociais

4 milhões é o número de inscritos no canal do YouTube de Marília.

800 mil pessoas acompanham Maiara & Maraísa, no Spotify.


Mineira deu impulso ao mercado

O boom das mulheres no sertanejo começou com a mineira Paula Fernandes, em 2010. É o que avalia o músico Ivan Corrêa, que trabalhou como produtor musical de Victor & Leo. “A Paula surgiu em um mercado que já vinha decaindo e vendeu 1 milhão de cópias do seu primeiro DVD. Ela sinalizou que ali teria um nicho ainda não explorado”, analisa. Corrêa diz que, a partir desse momento, outras cantoras “vieram na esteira” e encontraram público. Ele ressalta ainda que o sucesso delas é “uma quebra de paradigmas no sertanejo”. (LM)