Televisão

Pá de cal sobre duas atrações 

Presidente da TV Cultura diz que, com morte de apresentadores, “Viola Minha Viola e “Provocações chegam ao fim

Por Da Redação
Publicado em 11 de agosto de 2015 | 03:00
 
 
Programa. Inezita Barroso comandou o “Viola Minha Viola” por 35 anos, até sua morte, em março Cleones Ribeiro / Portal SESCSP

A TV Cultura não irá mais produzir os programas “Provocações” e “Viola Minha Viola”, segundo Marcos Mendonça, presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora do canal. Em julho, toda a equipe dessas duas atrações foi despedida – integram as 53 demissões dos quadros da emissora em 2015. Em junho, funcionários da Cultura entraram em greve por quase uma semana contra os cortes. Para Mendonça, não tem sentido manter os funcionários ou as atrações após a morte, em março, de Inezita Barroso, que comandou o “Viola” por 35 anos, e, em abril, de Antônio Abujamra, que estava à frente do “Provocações” desde 2000.São Paulo.

“Esses programas acabaram quando essas pessoas morreram. Eles eram absolutamente personificados”, disse o presidente, que comparou a continuidade dessas atrações sem os respectivos apresentadores à gravação de um “Programa do Jô” sem Jô Soares. No caso do “Provocações”, a reportagem apurou que André Abujamra, filho de Antônio, recebeu uma proposta para assumir uma atração de entrevistas nos moldes do programa do pai. Ele deveria gravar um piloto com a mesma equipe, mas a hipótese foi cancelada após as demissões.

Mendonça nega que tenha existido a intenção de continuar o “Provocações” sem Abujamra. Segundo o presidente, pode ser que a Cultura crie outros produtos parecidos na grade de programação. Mas tudo dependeria de patrocinadores, o que não existe até o momento. Mendonça negou que o ator Lima Duarte, cogitado para assumir o posto de Inezita à frente do “Viola Minha Viola”, tenha sido formalmente convidado a trabalhar no programa. “Sentiria a maior alegria em tê-lo aqui, na Fundação, mas não existe nada”.

À “Folha de S.Paulo”, Lima disse que tinha aceitado o convite para assumir o programa. O jornal “O Estado de S. Paulo” noticiou que o ator e Marcos Mendonça se encontrariam no fim de julho para negociar a contratação, que ainda dependia de liberação da TV Globo e de contratos publicitários. “Ele vai enriquecer a TV Cultura se eventualmente vier para cá. O que existe é um sonho de tê-lo aqui”, desconversou o presidente. “Eu não posso convidar o Lima, não há como convidar uma pessoa como essa”. Ainda que fosse reeditado com um novo apresentador, no entanto, o programa provavelmente não se chamaria “Viola Minha Viola”, segundo o executivo.

“Deus me perdoe, mas acho que estavam aguardando isso”, diz Nico Prado, que dirigiu o programa de Inezita nos últimos seis anos, sobre a relação da morte da cantora e apresentadora com o fim da atração. Ele conversou com a reportagem durante ato realizado na manhã de ontem em frente aos portões da emissora, em São Paulo, contra as demissões na empresa.

A manifestação reuniu cerca de 70 pessoas, entre funcionários, ex-funcionários, sindicalistas e fãs órfãos do “Viola Minha Viola”. Prado relata que, havia algum tempo, já era difícil conseguir verba para custear passagens e hospedagens de convidados do “Viola Minha Viola” que moravam fora de São Paulo.