Exposição

Peças do século XVII revisitam o barroco italiano 

Redação O Tempo

Por Carlos Andrei Siquara
Publicado em 06 de junho de 2014 | 03:00
 
 
“Conceição Imaculada” apresentada durante montagem da mostra AJL

Apenas a escultura “Imaculada Conceição”, um dos destaques da exposição “Barroco Itália Brasil – Prata e Ouro”, a ser inaugurada na Casa Fiat de Cultura na próxima terça-feira (10), pesa 215 kg. Toda construída em prata, as mãos e as cabeças da escultura são maciças e datam de 1628, quando a primeira parte da obra foi concluída.

Produzida em várias etapas, o corpo da representação católica era feito com um tipo papelão prensado encontrado séculos atrás na Itália. Ao longo do tempo, a estrutura se revelou frágil e todo o corpo da santa foi finalizado no metal, consumindo mais de 80 anos até assumir a forma conhecida nos dias de hoje.

“Essa é uma das peças mais importantes dessa coleção. É a primeira vez que ela sai da capela de Nápoles, à qual o Museu do Tesouro de São Genaro está integrado”, ressalta Giorgio Leone, um dos curadores. De acordo com ele, a obra foi produzida usando duas principais técnicas, a fundição nos membros do tronco, as mãos e a cabeça, e o cinzelamento. “Quem praticava o último era responsável por criar alguns volumes e os ornamentos que percebemos, por exemplo, nas vestes da Imaculada Conceição. Era um ofício de caráter mais decorativo”, diz Leone.

Na base da estátua, durante a visita à montagem da mostra, o curador apontou algumas inscrições que identificavam a qualidade da prata empregada naquela peça. Ele observa que havia um controle rígido para que apenas os melhores materiais fossem usados nesses trabalhos. “Em toda essa escultura, apenas a representação do diabo, que é visto sob os pés da santa, é feita de bronze. A ideia é justamente ressaltar a inferioridade deste em relação àquela, por isso o material deveria ser menos valioso”, completa.

Ao avaliar a maneira como essas esculturas sobreviveram ao longo do tempo, Paolo Jorio, diretor do Museu do Tesouro de São Genaro, atribui a sobrevivência delas ao envolvimento da população com essa iconografia. “A importância dessas peças é tão grande para a população de Nápoles que mesmo no período de guerras, quando tudo que era feito de prata era derretido para virar armamento, elas foram protegidas”, diz.

Agenda

O quê. Abertura da mostra “Barroco Itália Brasil – Prata e Ouro”

Quando. De 10/6 a 7/9, de 3ª a 6ª, das 10h às 21h; sáb. e dom., das 14h às 21h

Onde. Casa Fiat de Cultura (praça da Liberdade)

Quanto. Entrada franca