Bananada

Pencas de música na terra do pequi 

Festival, que acontece desde 1997 em Goiânia, celebra a cena independente com vários gêneros

Por Lucas Buzatti
Publicado em 16 de maio de 2015 | 03:00
 
 
Festival, que acontece desde 1997 em Goiânia, celebra a cena independente com vários gêneros

Goiânia. Já passava da meia-noite de quinta-feira quando os capixabas do Merda subiram ao palco do Diablo Pub, em Goiânia, uma das casas capilarizadas pelo 17º Festival Bananada. Capitaneado pelo vocalista e guitarrista Fabio Mozine, figura icônica do punk/hardcore brasileiro, o trio fez uma apresentação explosiva para centenas de pessoas que batiam cabeça e “moshavam” na velocidade dos rápidos riffs e berros. “Tocamos umas 25 músicas, foi muito bom. É a terceira vez que venho ao festival. Já vim com o Mukeka di Rato e com Os Pedreiros. É legal ver que essa cena se espalhou em várias cidades do país, e Goiânia é sempre especial”, sublinha o artista, que também é proprietário do selo e plataforma cultural Lajä Rex.

O Merda encerrou a primeira parte da programação do festival, que começou na última segunda-feira com a apresentação de Caetano Veloso – show que levou mais de 3.500 pessoas ao impressionante Centro Cultural Oscar Niemeyer, para onde o evento migra no fim de semana. De terça a quinta, a festa rolou em casas menores da cidade, como a Diablo. Até domingo, mais de 50 bandas independentes, nacionais e estrangeiras, passarão pelo celebrado festival, que movimenta a cena indie brasileira desde 1997.

Mais cedo, também na quinta-feira, o The Abdallas destilou minutos de puro improviso instrumental psicodélico na Suqueria, um charmoso bar e brechó no setor Sul de Goiânia. O grupo é resultado da fusão de Diogo Valentino, da banda Supercordas, com os integrantes do Boogarins, a prata da casa do momento. Uma das principais atrações do line-up de ontem, o show do quarteto goiano marcou o início da programação no Centro Cultural, que também contou com os norte-americanos do Allah-Las e os mineiros do Pato Fu, fechando a noite.

Para o vocalista e guitarrista dos Boogarins Fernando Almeida, o Dinho, além de “obviamente” o Caetano, os show do saxofonista e compositor paulista Maurício Pereira e dos goianos do Luziluzia foram destaques do festival durante a semana. “O show do Maurício Pereira foi intenso pra mim, cara”, diz o músico. “E o Luziluzia fez um dos shows mais incríveis deles”, comenta Dinho sobre o grupo formado pelos amigos do Boogarins e da Carne Doce, banda goiana que toca amanhã no Bananada.

Entre suas apostas para os próximos dias, Dinho destaca o show do carioca Lê Almeida e dos norte-americanos J. Mascis (fundador da banda grunge Dinosaur Jr.) e King Tuff, ambos artistas da gravadora alternativa Sub Pop, de Seattle, que lançou bandas como Nirvana e Soundgarden.

Vocalista do grupo de stoner rock goiano Hellbenders, uma das atrações de domingo, Diogo Fleury celebra a oportunidade de tocar na cidade-natal e comenta o papel do festival. “É muito importante para a criação de um público duradouro. Eu mesmo comecei vindo só para ver as bandas de Goiânia que eu pirava. E isso foi um grande motor para vir a tocar, a ter uma banda depois”, conta o músico, que também espera pelos shows de J. Mascis, King Tuff e Carne Doce.

O Bananada 2015 também contará com apresentações de grupos como o Câmera, que toca amanhã representando a inspirada safra contemporânea de bandas mineiras. Os curitibanos Karol Conká e Bonde do Rolê, os gaúchos do Apanhador Só e o Tropkillaz, projeto do DJ carioca Zé Gonzales, completam a programação do dia. No domingo, é a vez dos paulistas Criolo e Garage Fuzz, e dos brasilienses do Maskavo Roots, além de Caddywhompus, dos Estados Unidos, e Magaly Fields, do Chile, entre outros.

A cobertura completa você confere na próxima terça-feira, no Magazine.

Diverso

A 17ª edição do Festival Bananada, além de mais de 50 shows musicais, ainda conta com atrações de artes visuais, gastronomia, skate e produções audiovisuais, que ocupam vários locais de Goiânia