Poesia

Produção e reflexão poética de autores contemporâneos 

Carlos Barroso, Marcelo Dolabela e Tida Carvalho lançam seus livros hoje na livraria Scriptum

Por RAFAEL ROCHA
Publicado em 16 de maio de 2015 | 03:00
 
 
Sarau. Os escritores Carlos Barroso, Tida Carvalho e Marcelo Dolabela também irão recitar textos Adolfol Cifuentes/divulgação

Há sábados em que a Savassi se transforma num pequeno aglomerado de poetas e escritores que ocupam as mesas de bares e cafés para traçarem planos, bolarem projetos ou simplesmente flanarem. Na manhã de hoje, porém, três deles saem dessas calçadas e ocupam a livraria Scriptum para lançarem seus livros.

Tida Carvalho, Carlos Barroso e Marcelo Dolabela são crias desses laços vindos do fazer poético. Não raro, após um café ou uma cerveja gelada, acabam colocando de pé um poema, um livro. É exatamente essa vivência da cidade que norteia com maior ênfase o livro “Acre Ácido Azedo”, de Dolabela. O livro debruça-se sobre a relação do autor, nascido em Lajinha, com Belo Horizonte, onde ele mora há 40 anos. “Estou repensando a cidade. Reflito sobre um viés negativo, falando de solidão e conflito, mas o tom não é de despedida. Há coisas que são azedas, mas não são ácidas nem acres. É somente uma forma de pensar”, diz o autor.

Fracasso e desajuste aparecem em seus poemas biográficos e um tanto melancólicos, como nos versos de “Humanidade É Amor”: “E nós ficaremos velhos / e todos cuspirão em nossas caras / e todos nos baterão / e todos roubarão nossas míseras aposentadorias / e todos nos deixarão sem comer”. Seu próximo livro, promete, será mais solar.

Parceiro de Dolabela desde meados da década de 70, quando participaram do coletivo Cemflores, Carlos Barroso dribla esse lado soturno com “Futebol de Barro – 7 Poemas de Futebol & Lirismo e 1 Canção Iconoclasta”. Seus textos fazem referência a craques como Garrincha e ao escritor Roberto Drummond, também conhecido por sua relação próxima com o esporte. A Neymar sobra uma alfinetada devido à sua fama de marqueteiro.

Se a poesia em tempos recentes andou frequentando até a lista dos mais vendidos – o feito aconteceu com a antologia “Toda Poesia”, de Paulo Leminski, publicada pela Cia das Letras em 2013 –, Tida Carvalho aproveita para relançar sua obra “O Catatau de Paulo Leminski – (des)coordenadas cartesianas”. “Acho incrível como Leminski virou um poeta conhecido. Muitas pessoas me pediam para relançar esse livro”, diz. Trata-se de uma versão revista de sua dissertação de mestrado, publicada em 2000, uma tentativa de elucidação da obra do curitibano. “Catatau” é considerado um livro hermético, vanguardista e ícone da literatura experimental brasileira. “É um trabalho de enlouquecimento da linguagem contida e filosófica”, avalia a escritora.

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O QUÊ. Lançamento dos livros hoje, a partir das 11h30, na Scriptum (rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi). Entrada franca