Dança

Skank põe o Corpo pra bailar 

Grupo Corpo anuncia segunda peça inédita para temporada 2015, que terá composição de Samuel Rosa e cia.

Por Vinícius Lacerda
Publicado em 25 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
Parceria. Grupo mineiro de pop rock será responsável por composição da trilha sonora de uma das duas novas obras da companhia FERNANDA CARVALHO / O TEMPO

O Grupo Corpo comemora 40 anos em 2015 e para celebrar a data rompe com um costume que vem adotando nos últimos anos: vai estrear dois espetáculos em vez de um. Mesmo sem nomes definidos, músicas e coreografias ainda em fase seminal e previsão de estreia somente em agosto, as obras já chamam atenção devido aos nomes que se unem para a dupla gênese.

A primeiro delas, anunciada em outubro, terá a trilha feita pelo compositor e músico Marco Antonio Guimarães, do Uakti, interpretada por seu grupo e pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. É a quinta parceria do Uakti e O Corpo. A coreografia será de Rodrigo Pederneiras.

A segunda é uma dobradinha mais inesperada: composição assinada pelo Skank e coreografia da ex-bailarina da companhia Cassi Abranches. “A ideia de convidar o Skank já é antiga, o Paulo (Pederneiras, fundador do grupo de dança) decidiu fazer agora por ser algo de peso”, afirma Rodrigo.

Apesar da extensa carreira, que inclui um Grammy Latino, em 2004, e hits nacionais, os integrantes da banda de pop e rock nunca haviam trabalho no segmento da dança como compositores. Por isso, estiveram ontem assistindo ao ensaio dos bailarinos, que apresentaram “Triz”, última criação do Grupo Corpo. “Consegui prestar mais atenção na sonoridade, entender melhor esta atmosfera vindo ao ensaio”, disse o vocalista Samuel Rosa, que já havia assistido ao espetáculo anteriormente, mas pela primeira vez viu acompanhado do restante da banda.

Para o vocalista, nenhuma experiência que teve até o momento é igual a esta que se apresenta agora, nem mesmo a elaboração de músicas para filmes, como para o recente “O Segredo dos Diamantes”, de Helvécio Ratton. “Fazer música para filme é um formato familiar para a gente. É fazer mais ou menos três minutos de música sendo que podemos brincar com o universo do longa. Aqui é diferente. Temos que mergulhar na música que será usada como base para o desenho que o coreógrafo faz. É uma trilha que dura uns 25, 30 minutos. Vai ser uma longa viagem”, diz.

A jornada, porém, não será apenas de espinhos. O empenho do grupo, constatado pelo interesse dos integrantes em discutir os primeiros passos para criação, está atrelado a ideias que já surgem ao lado de materiais que ainda não usaram. “Durante todos esses anos, não ficamos presos ao modelo de músicas que as pessoas estão acostumadas a ouvir na rádio. Quando estamos no estúdio, fazemos várias experiências, verdadeiros devaneios que às vezes acabam indo para as músicas, mas às vezes não. Acho que é dessas experimentações que partiremos para criar essa trilha”, adianta Samuel.

Com o recente lançamento do disco “Volocia”, os shows de divulgação do Skank por todo o Brasil ainda prosseguem. Isso torna a agenda da banda mais apertada que o usual. Para conseguir entregar a canção em tempo hábil, eles desmarcaram compromissos. “Agora é uma prioridade nossa e vamos trabalhar para que esteja pronta até o fim de fevereiro”, comenta o cantor.

Para a ex-bailarina e coreógrafa que trabalhará com a banda, Cassi Abranches, o tempo que têm para montar o espetáculo é suficiente por um motivo bem simples. “Vivi a minha vida inteira aqui, conheço os bailarinos. Estou em casa”, afirma.

Dançarina do Grupo Corpo por muitos anos, Cassi confessa que sempre esteve de olho na criação. “Toda vez que chegava a hora do Rodrigo criar uma nova peça, eu me aproximava, pois acho esse momento mais legal que as cenas em si”.

O desejo por conceber espetáculos de dança foi tamanho que, no ano passado, ela optou por largar a companhia para trilhar os passos de coreógrafa. Foi assim que assinou “Contracapa”, da Cia. de Ballet Jovem Palácio das Artes, fez um peça para a São Paulo Companhia de Dança, e as coreografias de “Oblivion” e “Plano”, para o Sesc Palladium, entre outros.

Seu currículo e capacidade fazem com que Rodrigo a considere sua provável sucessora. “Fico lisonjeada, mas prefiro viver um dia de cada vez. Hoje eu tenho um grande desafio que é de fazer este espetáculo com o Skank”, diz. Sobre a obra musical por vir, ela afirma que não fará interferência, apesar de não esconder o que disse a Samuel: “capricha no rock”, brincou.