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Solidariedade e trabalho marcaram o artista até o fim  

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 02 de fevereiro de 2014 | 04:00
 
 

A hemofilia – doença que afeta a coagulação do sangue e na grande maioria dos casos atinge apenas homens – pegou a família de Henfil em cheio. Seus dois irmãos, o músico Chico Mário e o sociólogo Betinho – famoso por causa de seu trabalho para erradicação da fome e seu papel na criação do programa “Fome Zero” –, igualmente afetados pela doença, também contraíram o HIV em transfusões de sangue.

Pelo menos duas transformações importantes aconteceram quando os irmãos revelaram que haviam contraído o vírus da Aids. A primeira, foi fazer com que o sangue usado em transfusões fosse fiscalizado. E a outra, foi, após a morte de Henfil e Chico Mário, uma mudança na forma da cobrança de impostos sobre o AZT, remédio mais eficaz à época para o tratamento da doença

Segundo Nilson, quando Henfil descobriu que estava contaminado pelo HIV ele simplesmente pegou um jornal e começou a ler. “Uma vez ele me falou. ‘Eu estou igual a um índio, só quero ficar em um canto e morrer’”.

Lutou bravamente até o fim. Menos de dois anos antes de sua morte, lançou o filme “Tanga - Deu No New York Times?”, em 1987.

Com a doença, porém, ficou desiludido e cansado com os rumos do país política e culturalmente. “O humor está virando entretenimento”, disse, então.

Teve um final de vida doloroso, passando seus últimos sete meses de vida no hospital, o que o incomodava muito. Nilson se lembra de, pelo menos, duas fugas dele do hospital.

O cartunista ainda se recorda de uma saborosa história que realça Henfil lidava com a vida: “Estávamos em seu apartamento, ele com muita dor, todo encolhido, com os braços até curtos. Mas não parava de andar de um lado para o outro. De repente para, olha para mim e, com aquela cara de Fradinho, canta: ‘Minha vida é andar por este país’”. (RSNM)