Artes visuais

Telas de Van Gogh de volta 

Polícia italiana recupera dois quadros do artista holandês que haviam sido roubados em dezembro de 2002

Por Da Redação
Publicado em 01 de outubro de 2016 | 03:00
 
 
Reproducao

Haia, Holanda. Dois valiosos quadros de Vincent Van Gogh, roubados há 14 anos na Holanda e de um valor de cerca de US$ 100 milhões, foram recuperados ontem, perto de Nápoles, no Sul da Itália, no esconderijo de um conhecido traficante de drogas durante uma operação da polícia italiana.

As obras recuperadas, “Congregação Deixando a Igreja Reformada de Nuenen”, datada entre 1884 e 1885, e “Vista do Mar em Scheveningen (Tormenta)”, de 1882, foram encontradas em bom estado e já foram reconhecidas como autênticas pelos especialistas do Museu Van Gogh.

Desde janeiro, a polícia italiana seguia a pista do chefe de um dos grupos da máfia napolitana, Raffaele Imperiale, acusado de formar parte da Camorra, que fugiu a Dubai, onde é proprietário de uma empresa de construção. “Com esta descoberta fica confirmado que as organizações criminosas estão interessadas tanto em investir em obras de arte quanto em se financiar com elas”, comentou o ministro da Cultura italiano, Dario Franceschini. A polícia italiana disse que alguns dos componentes do bando que roubou os quadros tinham sido detidos há algum tempo, mas desconhecia-se o paradeiro das obras.

Por sua vez, o Museu Van Gogh manifestou sua satisfação depois de constatar que os dois quadros, pertencentes à primeira fase do artista, são autênticos. “São as pinturas verdadeiras”, afirmou em um comunicado o museu.

As duas obras, avaliadas em vários milhões de euros, eram objeto de uma ordem de busca internacional desde que foram roubadas, em 7 de dezembro de 2002 no museu. “Depois de tantos anos, não nos atrevíamos a esperar um retorno das obras”, confessou o diretor do Museu Van Gogh, Axel Rüger, presente em Nápoles.

Os investigadores não sabiam do paradeiro dos quadros desde o dia do roubo, quando, de acordo com a polícia, ladrões usaram uma escada para subir até o teto do museu e retirar as duas obras, antes de fugir com o auxílio de uma corda.

O primeiro dos quadros, “Congregação Deixando a Igreja Reformada de Nuenen”, representa os fiéis saindo do templo onde o pai de Van Gogh era pastor e foi pintado pelo artista em 1884 para sua mãe, que acabava de quebrar uma perna.

Já “Vista do Mar em Scheveningen (Tormenta)” é uma tela de pequenas dimensões (34,5 por 51 centímetros) que representa uma cena do litoral próximo a Haia, com um mar bravio e um céu tenebroso.

O artista teve que lutar contra os elementos para pintar esta obra e alguns dos grãos de areia que o vendaval jogava sobre a tela úmida ainda estão incrustados nela.

O Museu Van Gogh, aberto em 1973, exibe centenas de quadros, desenhos e esboços do pintor, desde seu primeiro período holandês até o fim trágico em Auvers-sur-Oise (França), em 1890.

Vincent Van Gogh nasceu em 1853 em Zundert (centro da Holanda) em uma família liderada por um austero pastor protestante. Pintou mais 800 obras, mas durante sua curta vida só conseguiu vender um quadro. Hoje, suas obras são negociadas a preço de ouro.