Patrimônio

Um circuito cultural para Congonhas 

Museu de Congonhas vai integrar complexo cultural que envolverá a criação de um parque ecológico

Por Carlos Andrei Siquara
Publicado em 02 de dezembro de 2015 | 04:00
 
 
Estrutura. No centro, o visitante poderá ver a maquete do futuro circuito cultural de Congonhas Pedro Gontijo / O Tempo

A concretização do Museu de Congonhas se dá 12 anos depois da visita do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil ao sítio histórico que compõe o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Na época, a iniciativa vinha sendo estudada dentro do projeto Monumento, substituído depois pelo Programa de Aceleração do Crescimento – Cidades Históricas. Além da instituição, que será inaugurada no dia 15, por meio do dispositivo do PAC, foram aprovadas, desde então, outras nove ações, como a restauração de todas as igrejas, da alameda entre o museu e o santuário.

Está prevista também a criação de um parque ecológico numa reserva próxima do edifício. A expectativa é que, até 2017, grande parte dessas propostas já esteja concluída. Isso deverá incrementar o turismo na região, atraindo a maior permanência do visitante no local, algo que até o momento não acontece.

“Há ainda a deia de construirmos um teatro municipal que vai ficar perto das instalações da antiga romaria, onde hoje estão instalados os escritórios administrativos da prefeitura. Em breve, essas construções, que foram feitas para abrigar os romeiros no passado, vão se destinar apenas a atividades de cultura. Com isso, será estabelecido um grande complexo cultural na cidade”, completa Sérgio Rodrigo Reis, presidente da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo de Congonhas.

Quem visitar o novo museu vai encontrar no interior dele uma maquete que detalha justamente o desenho desse futuro circuito. As informações podem ser acessadas por meio de telas interativas, cuja disposição, como todo o restante da expografia, é assinada pelo designer espanhol Luis Sardá.

Ele ressalta que os processos de criação de Aleijadinho, e não apenas a representação das criações prontas e expostas no santuário, são detalhados ali. “Nós buscamos trazer também as ferramentas, que são todas antigas, mostrando as etapas do ofício e os materiais que foram usados por Aleijadinho, como a madeira e as tintas”, afirma.

Ele também acrescenta como o conteúdo proporciona uma visão mais próxima das 64 esculturas que compõe a Via Sacra retratada nas capelas encontradas no santuário. “Nós fotografamos cada uma das peças individualmente, criando uma espécie de catálogo que o visitante poderá conferir no museu”, acrescenta ele.

Histórico. O Museu de Congonhas foi concluído a partir dos esforços da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Prefeitura de Congonhas.

Desde o início a ideia foi realizar uma proposta museológica que deveria também estabelecer um elo entre a pesquisa e a conservação do conteúdo de arte barroca exposto e a tradição da romaria estabelecida no lugar há cerca de 200 anos. Como centro de estudos, ele deverá ainda contemplar trabalhos voltados ao uso da pedra sabão ao longo do tempo.

“O museu, portanto, deve abrigar elementos que contribuem para melhorar a interpretação do sítio, mantendo um diálogo com a tradição religiosa. É importante frisar que a razão de ser de Congonhas, por meio dessa proposta, permanece. Toda a arquitetura e o uso do espaço foram concebidos para estabelecer laços com a religiosidade e com a peregrinação que são a razão de ser desse santuário e a origem de sua conservação”, explica Patrícia Reis, representante de cultura da Unesco Brasil.