'O Mágico de Oz' ganha remake pela internet

Talvez seja um dos contos infantis mais conhecidos e amados de todos os tempos: uma garotinha órfã vive com os tios e seu cachorrinho no interior dos EUA. Um dia, envolvidos por um intenso ciclone, ela e o cãozinho acabam transportados para um mundo novo e maravilhoso, repleto de criaturas fascinantes. Tentando retornar ao seu lar, ela parte em busca de um misterioso mágico que pode ajudá-la a cumprir seu desejo. Em sua jornada, a garotinha faz novos amigos e inimigos e, por fim, vive uma aventura fantástica que muda o curso de sua vida.

Escrita há mais de 120 anos, a história de Dorothy Gale na Terra de Oz ganha um remake para o formato virtual neste domingo (11), quando vai ao ar, a partir das 16h, através do canal do Youtube da ArcelorMittal e também pela página do Facebook do projeto Diversão Em cena.

Com direção artística de Fernando Bustamante, "O Mágico de Oz" basicamente se baseia na versão do clássico filme de 1939, dirigido por Victor Fleming e estrelado pela atriz Judy Garland.

"Seguimos mais ou menos o roteiro do filme, mas com algumas diferenças. Como no cinema o enredo tem uma duração muito longa, a gente optou por pegar a essência da moral da história de cada uma das personagens apresentadas, e utilizamos essas questões principais, que são essas lições que cada personagem vai aprender no reino de OZ", conta Fernando.

Se a inspiração do texto não fugiu muito do material original, a montagem precisou da tecnologia para ganhar forma no mundo moderno pós-pandemia. Mesclando interpretação ao vivo com recursos do universo digital, a produção vai trazer uma novidade para o público: a oportunidade de interagir com os atores por meio de um chat durante a apresentação.

"Vamos abrir uma sessão de perguntas e respostas sobre a história para que o público e o elenco interajam durante o espetáculo", antecipa Bustamante. "As pessoas vão poder fazer comentários e os atores vão revelar o desenrolar do enredo ao vivo. Também vamos estender o famoso  'momento das fotos' tão tradicional no teatro ao fim das apresentações. É uma forma de manter a plateia engajada e participante", acrescenta.

Acostumado a montar produções teatrais ao longo dos últimos 15 anos, o diretor diz que a experiência de lidar com o universo digital para essa adaptação foi um dos maiores desafios de sua carreira.

"O formato online deixa um frio na barriga diferente do teatro. No palco, você ensaia por diversas vezes e sabe que o elemento surpresa é o público", confidencia Fernando. "O que vai te dar a medida do seu trabalho é a reação das pessoas ao que você apresenta, ao figurino, o cenário ou a trilha sonora. Agora quando você leva para o online, o que te deixa tenso são situações ligadas à tecnologia. Você se pergunta, 'Será que vamos ter uma boa conexão de internet? Será que tudo vai funcionar direitinho? Isso acaba gerando certa insegurança nos artistas", complementa.

História 'cai como luva' para os dias de pandemia

Por lidar com assuntos importantes como auto-confiança, amizade e esperança, Fernando acredita que a história de Dorothy pode servir como um elixir para os dias de pandemia e desolação que o mundo tem passado ultimamente.

"A temática de 'O Mágico de Oz' traz lições para esse momento de pandemia exatamente por abordar essas questões, sobretudo por nos fazer acreditar na esperança. É importante lembrar que o filme foi lançado na década de 1930 durante a depressão americana, e acabou sendo um grande sucesso por que conseguiu trazer esse respiro com mensagens de otimismo e resiliência para a população daquela época. Por tudo o que a gente está vivendo hoje, em 2021, penso que o espetáculo possa servir para o mesmo propósito. Isso é o mais bonito dessa história, que ela pode nos ajudar nas nossas dificuldades", conclui.

Clássico eterno

Exatamente 121 anos depois do lançamento do livro, o conto escrito por L. Frank Baum (1856-1919) continua fascinando gerações de jovens mundo afora. Por sua atemporalidade e magia, "O Mágico de Oz" já foi adaptado inúmeras vezes para o teatro, cinema, televisão e até mesmo para o universo dos videogames.

A lista de artistas fascinados e influenciados pela história é longa e passa, inclusive, pela música. A célebre canção "Somewhere Over the Rainbow", por exemplo, já foi gravada por nomes de peso do pop como Bobby McFerrin, Liza Minelli e Eric Clapton. Existe também uma história não-oficial de que o álbum "Dark Side of The Moon", do Pink Floyd, quando tocado junto ao filme de 1939 traria muitas sincronias entre as músicas e as cenas do longa.

Já nas telonas, a fábula ganhou adaptação pela primeira vez em 1910. Depois, com a versão dirigida por Victor Fleming e protagonizada por Judy Garland, em 1939, virou um clássico. Seu mais recente sucesso em Hollywood foi através do longa "Oz, Mágico e Poderoso", de Sam Raimi, com James Franco e Rachel Weisz.

Reforçando ainda mais sua visão profética, o próprio Baum conseguiu ainda sintetizar perfeitamente o ritmo que dita o mundo pós-moderno que vivemos. "A criança moderna procura apenas diversão em suas histórias fantásticas, dispensando alegremente todos os incidentes desagradáveis", anotou o escritor mais de cem anos atrás.

Tudo isso só deixa claro como a "Terra de Oz" e seu universo fantástico, apesar dos anos, ainda se mantém fortemente fincados no imaginário popular.