Um pássaro imaginário em busca do autoconhecimento e que questiona as convenções sociais e os problemas existenciais. Esse é o personagem que direciona o olhar do público em “O Voo do Tchiurubibirú”, espetáculo performático solo que cumpre, a partir de desta quinta-feira (9), temporada no Galpão Cine Horto.
Para construí-lo, o violinista André Cavazotti uniu performance com projeções e música ao vivo. Foram mais de quatro anos montando o projeto. “Em 2014, fiz um desenho, e me veio na cabeça esse pássaro cantando cinco notas (tchiurubibirú). Ele dizia: ‘Quero respirar, quero espaço’, e me deu essa vontade de contar a vida dele. Então, comecei a compor, fiz pinturas, máscaras, sem compromisso, pensando na trajetória desse pássaro, nos momentos marcantes, mas tudo para meu deleite. Porém, trabalhei tanto que acabou virando um vídeo de 50 minutos, e, de repente, quando eu assistia, aquilo me comovia e achei que poderia comover os outros, com os dramas, com o amor da vida”, diz.
A montagem traz, assim, sobretudo ritos de passagem, como a descoberta da potência sexual, em meio a um repertório musical variado, interpretado com violinos ao vivo.
Um dos pontos principais do espetáculo coloca lado a lado sexualidade e espiritualidade. “Ele (o protagonista) tem um drama: quer viver a sexualidade e a espiritualidade, ambas, e sofre com isso. A convenção que ele vive, que nós vivemos, coloca que, para viver uma religiosidade tradicional, espiritualidade profunda, tem que ter um sacrifício da sexualidade mais louca”, explica o diretor. “Há também uma coisa menos explícita de uma relação erótica dele com a mãe, uma coisa não bem vista na nossa sociedade”, diz.
Assim como a montagem do espetáculo surgiu naturalmente, a escolha de um pássaro-protagonista não foi algo ´programado. No entanto, Cavazotti consegue estabelecer um vínculo entre o pequeno animal e a ideia de discutir as convenções. “Acho que tem a ver com o imaginário do ser humano, um animal que não voa, do que ele pensa sobre outro, que voa. Traz isso de desejo de liberdade, de libertação, de leveza: mas foram coisas que eu pensei depois”, diz.
Agenda
O espetáculo está em cartaz de 9 a 12 de maio (qui. a sáb., às 19h; dom., às 18h), no Galpão Cine Horto (rua Pitangui, 3.613, Horto). Ingressos a R$ 20 (inteira).