Ao longo de quase 50 anos, o Palácio das Artes alcançou o status de importante espaço da ópera não só no Brasil, mas também na América Latina. Desde a fundação, em 1971, ali já foram produzidas - ou coproduzidas - e encenadas algumas dezenas de espetáculos, entre eles “Aida”, “La Traviata”, “Rigoletto” e “Nabucco”, de Guiseppe Verdi, “Turandot”, de Giacomo Puccini, “O Guarani”, de Carlos Gomes, e “Menina das Nuvens”, de Villa-Lobos.
A Orquestra Sinfônica, o Coral Lírico e a Companhia de Dança, além do Centro Técnico de Produção e Formação Raul Belém Machado, garantem essa força criativa à Fundação Clóvis Salgado, que representa Minas Gerais em um importante debate sobre o mercado da ópera no Brasil. O encontro virtual, promovido pela Ópera Latinoamérica (OLA), acontece nesta sexta-feira (22), às 14h (horário de Brasília), e conta com outras cinco instituições nacionais: o Festival Amazonas de Ópera, o Theatro Municipal de São Paulo, o Theatro da Paz, de Belém, o Theatro São Pedro, de São Paulo, e a Cia. Ópera São Paulo.
O seminário é aberto ao público, que pode se inscrever neste link. O debate vai girar em torno de quatro eixos temáticos: a percepção do setor da ópera como um importante motor da economia cultural e seus impactos locais como gerador de emprego e renda; a necessidade do universo operístico garantir o espaço da diversidade, seja temático, seja de gênero; o fortalecimento da cadeia de profissionais, desde produtores a diretores cênicos, passando por iluminadores e cenógrafos; e, por fim, os participantes vão discutir soluções e alternativas para o atual contexto de crise e também para a retomada do setor pós-pandemia com segurança, já que as produções envolvem um número grande não só da plateia, mas também de profissionais.
Uma publicação compartilhada por Fundação Clóvis Salgado (@fcs.palaciodasartes) em 19 de Mai, 2020 às 4:30 PDT
Presidente da Fundação Clóvis Salgado, Eliane Parreiras destaca o papel da Ópera Latinoamérica em criar essa rede articulada entre vários produtores de ópera da região. “É um diálogo muito positivo de discussão de soluções seja para formação de público, seja para passar por esse momento de pandemia. Esse ainda é um conteúdo que está sendo muito estudado. Não existem conclusões efetivas sobre os caminhos possíveis, há muitos estudos e vamos debater o que cada instituição está fazendo nesse sentido”, diz a gestora.
Segundo Eliane, um fórum nacional com várias instituições também foi criado para pensar a ópera, a música de concerto e a dança não só durante a pandemia, mas também num cenário futuro . “Há uma mercado grande e vigoroso em Minas Gerais e no Brasil”, comenta Eliane.
Projeto para a quarentena
Com a impossibilidade de receber os aplausos do público no Palácio das Artes, como acontece há quase inco décadas, a Fundação Clóvis Salgado criou o projeto #palacioemsuacompanhia, que exibe, no canal da instituição no YouTube, tanto grandes produções quanto conteúdos criados exclusivamente para o ambiente digital. “Semanalmente, vamos oferecer programações como óperas, espetáculos de dança, concertos. A Fundação tem um trabalho de democratizar o acesso à cultura, e essas ações são importantes”, comenta Eliane Parreiras.
A ópera “Nabucco”, de Giuseppe Verdi, entrou na programação no último dia 15 e fica no canal do Palácio no YouTube até 18h desta sexta-feira (22). Já neste domingo, no Instagram e no Facebook, a ária "A Rainha da Noite" da ópera "A Flauta Mágica", de Mozart, entra em cartaz. A peça foi gravada durante a quaretena no Palácio das Artes, com equipe reduzida e sem plateia, de acordo com todos os protocolos de segurança.
No palco, apenas soprano Daiana Melo, integrante do Coral Lírico de Minas Gerais, e dois integrantes da equipe de filmagem. Os músicos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais gravaram separadamente, cada um em sua residência.