Gastronomia no morro

Chefs em busca de talentos 

Projeto vai selecionar moradores do Aglomerado Santa Lúcia para estágio em restaurantes badalados de Belo Horizonte; objetivo é dar oportunidade de qualificação profissional

Ivo Faria é um dos chefs que participam da seleção e qualificação de moradores do Aglomerado Santa Lúcia | Foto: Bruno Figueiredo / 24.08.2009
PUBLICADO EM 11/10/13 - 03h00

DE FRANKFURT, ALEMANHA.

No próximo dia 19, seis chefs de Belo Horizonte vão visitar o Aglomerado Santa Lúcia para experimentar os pratos feitos por quem vive na comunidade. A data marca o lançamento do projeto Gastronomia no Morro, iniciativa da Secretaria de Estado do Turismo que pretende dar visibilidade a quem mantém uma relação especial com a comida e ajudar quem quiser transformar essa aptidão em negócio.

Em um primeiro momento, os moradores interessados em participar do projeto puderam se inscrever, informando qual sua especialidade. Há mais de um mês, uma equipe está visitando essas cozinhas para descobrir sabores singulares que são servidos por lá. Conheceram, por exemplo, uma senhora que encontrou uma maneira de fazer frango com quiabo o ano inteiro, mesmo quando o vegetal some da sua horta. Ela desenvolveu uma técnica para produzir farinha de quiabo, que é acrescida ao molho do frango e garante o sabor que a tornou conhecida no aglomerado.

Serão selecionados cinco cozinheiros do morro, que farão um almoço especial para chefs badalados da cidade – Ivo Faria (Vecchio Sogno), Henrique Gilberto (Belo Comidaria), Leandro (The L.A.B.), Frederico Trindade e Felipe Rameh (Trindade) e Paula Cardoso (Haus). Depois, os escolhidos farão estágio nesses restaurantes e terão a oportunidade de experimentar seus próprios pratos, só que desta vez reinventados pelos chefs.

O projeto ainda inclui parcerias com entidades como o Sesc-Senai e assessoria do BDMG para a formalização e qualificação desses cozinheiros. “Nossa proposta é abordar a questão social da gastronomia e da formação da identidade de um povo através da comida. Essas pessoas cozinham de maneira tradicional, não sofreram influências”, afirma o secretário de Turismo, Agostinho Patrus, que colocou como ponto fundamental da concepção do projeto o levantamento da história dos envolvidos. “Por trás do prato tem uma pessoa”, diz.

A ideia é que a iniciativa se estenda a outras comunidades e que gere desdobramentos. “Esse é um projeto colaborativo, que encontrou muitos parceiros dispostos a ajudar”, diz o secretário, lembrando que há um esforço do governo do Estado em transformar a gastronomia, setor que já representa 19% do PIB de Minas e que vai ganhar uma superintendência no começo do ano que vem, em um dos pilares da economia e do turismo.