Roteiro

Há sempre algo bom no Mercado Central

Chefs e gastrônomos de Belo Horizonte indicam onde comer, beber e comprar no espaço que é referência na capital e completou 90 anos

PUBLICADO EM 08/09/19 - 03h00

O potencial turístico de Belo Horizonte está quase todo concentrado em sua comida. Quem vem à cidade quer comer e, por isso, inclui o Mercado Central, ponto turístico que comemorou ontem 90 anos de existência na capital mineira, no roteiro.

Se inicialmente o grande mercado era um local pensando especialmente para abastecer as cozinhas com insumos como verduras e legumes, ao longo de todos esses anos ele recebeu novos hóspedes e estabelecimentos que funcionam como expoentes da culinária local. Após 90 anos, lugarezinhos e portinhas se tornaram responsáveis pela nossa identidade gastronômica enquanto belorizontinos, entremeada em clássicos como fígado com jiló –, que prova, a cada ano, que mesmo para quem não come nenhuma dessas iguarias elas ficam perfeitamente agradáveis juntas ao paladar – e a famosa broa de fubá com queijo canastra, do Comercial Sabiá.

“O Mercado Central é uma referência de Minas Gerais, além de Belo Horizonte. Ali representa muito do que a gente é, da produção que é feita, dos produtos que temos e da essência do mineiro, desde tomar a melhor limonada do mundo até comer abacaxi no palito”, disse a chef Agnes Farkasvölgyi.

Para a chef Mariana Gontijo, o endereço tem um pouco da essência afetiva do interior mineiro, mesmo hospedado na “cidade grande”. “O mercado central é um evento, um acontecimento. É um resumo de Minas Gerais, de gente, de sabores, de aromas, de proximidade e de reconhecimento... Vejo comerciantes olhando nos olhos e reconhecendo os seus clientes, como se fosse uma venda do interior”, compara.

Além das iguarias e peculiaridades existentes lá, há quem jure de pés juntos que, durante a noite, as 400 lojas existentes mudam de lugar. É por isso que mesmo quem vai ao local frequentemente sempre consegue se perder e confundir os endereços. Assim, convocamos chefs e personalidades da gastronomia da cidade para compartilhar os seus endereços preferidos.

Mariana Oliveira Gontijo, O Roça Grande

Onde comer:

Empório João & Maria. “Gosto de tomar café da manhã no domingo. O café com leite de lá é delicioso, era a minha bebida de levar para a escola na infância”.

Onde beber:

Bar do Júlio. “Cerveja bem gelada e atendimento ótimo. Apesar de estar bem cheio, as pessoas estão sempre bem próximas e batem papo como se estivessem no interior”.

Onde comprar:

Barraca do Jésus e Empório Indaiá. “No Jésus existem todos os temperos e especiarias que eu uso também no restaurante, como açafrão do Norte e pimenta em grão. Já no Indaiá eu encontro tudo que eu encontrava na minha região do Cerrado, como mangarito, baru, cagaita e pau-doce, além de uma infinidade de produtos da região da Amazônia, como o cupuaçu".

Agnes Farkasvölgyi, Bouquet Garní e Ag. Bistrô

Onde comer: 

Rei do Torresmo. “É o único lugar onde eu como fígado de boi, é realmente muito gostoso. Lá, aliás, tem um torresmo maravilhoso”.

Onde beber:

Tradicional Limonada. “Eu acho aquele lugar de outro mundo. Eu chego ao Mercado e preciso tomar um copão de limonada”.

Onde comprar:

Roça Capital. “Além de ser uma loja com variedade muito grande, inclusive dos queijos que estão ‘bombando’, esteticamente é bem bonito e importante para o mercado”.

Ivo Faria, Vecchio Sogno

Onde comer:

Casa Cheia. “Gosto de almoçar a sugestão do dia. Mas adoro o prato Mineirinho Valente, ganhador do concurso de Comida di Buteco de 2005, que é uma canjiquinha com costelinha de porco”.

Onde beber:

Bar do Júlio. “Para tomar uma cerveja é ótimo. O pessoal já me conhece, e lá tem mesas e cadeiras para quem quer mais conforto”.

Onde comprar:

Rei da Feijoada. “Gosto de comprar meus ‘pertences’ de porco, de altíssimo nível, principalmente com o ‘seu’ João Dias”.

Jaime Solares, A Borracharia Comida Belorizontina

Onde comer: 
Lanchonete Palhares. “Lá tem um pãozinho de batata sensacional, recheado de queijo. Tem também um com açúcar e canela. É imperdível”. 

Onde beber: 
Rei do Torresmo. “É o único lugar onde eu bebo dentro do Mercado. Pelas pessoas – o Tião e o Geraldinho, donos de lá – e também pelo tira-gosto. Ah, e pelo balcão, é claro”. 

Onde comprar: 
Tião da Mandioca, Tripocel, Ponto das Farinhas, Rei da Feijoada e Rei da Carne. “As compras têm dois motivos marcantes: a qualidade dos produtos e a qualidade das pessoas”. 

Felipe Rameh, Alma Chef

Onde comer:

Comercial Sabiá (foto). “Aqui tem um giro muito grande, então tudo está sempre muito fresco, como a broa com queijo e o pão de queijo recheado com pernil. Os cafés também são feitos em parceria com Intelligenza, sempre com métodos diferentes de extração. Sem contar o balcão, para encostar e bater papo”.

Onde beber:

Tradicional Limonada. “Receitinha fina de limonada, nunca amarga e sempre geladinha. É um lugar que possui uma história de família, que passou de geração em geração”.

Onde comprar: 

Paraíso dos Ovos. “Ovo caipira, barato, com a experiência de testar a frescura do ovo. Meus filhos, inclusive, adoram”.

Rodrigo Ferraz, Plataforma Fartura - Comidas do Brasil

Onde comer:

Casa Cheia. “Todos os itens do cardápio eu gosto, como as almôndegas e o mexido. Mas eu vou mesmo pelo lugar. Valorizo muito as pessoas e as histórias em um ambiente”.

Onde beber:

Bar da Lora. “Pelo mesmos motivos. Além de eu gostar de ficar em pé, a história tradicional que tem ali, dos donos, é muito legal”.

Onde comprar:

Tupiguá. “Compro cachaça, doce e queijo, pelas mãos da Ana Gabriela Cócolo, que sabe de tudo e possui também os queijos mais premiados do mercado”.

Eduardo Maya, Feira Aproxima

Onde comer:

Jorge Americano e Ponto da Empada.“O fígado acebolado é delicioso, mas o frango ao molho pardo do Jorge Americano é espetacular. Outra parada fundamental é a empada de carne com jiló”.

Onde beber:

Bar da Lora. “É um clássico que garante que a cerveja esteja sempre gelada”.

Onde comprar:

Loja do Itamar. “Possui uma variedade de queijos, mas tem o queijo do Taco, da região do Serro, que eu gosto de comprar para curar”.